A Rússia adicionou, nesta terça-feira (25), o oposicionista Alexei Navalny e alguns de seus principais apoiadores à lista de “terroristas e extremistas” do governo. O nome dele agora consta na relação do Serviço Federal de Monitoramento Financeiro da Rússia, de acordo com o site independente The Moscow Times.
O anúncio ocorre poucos dias após Navalny completar um ano preso, no dia 17 de janeiro. O banco de dados digital no qual ele foi incluído lista indivíduos que as autoridades russas acusam de envolvimento em atividades que apoiam organizações “terroristas ou extremistas”.
Outros sete aliados de Navalny foram incluídos na lista nesta terça, de acordo com a própria equipe dele, que segue em atividade no exterior e se manifestou pelo aplicativo de mensagens Telegram. Entre os listados estão a advogada Lyubov Sobol, maior aliada dele e atualmente vivendo no exterior, o também advogado Vyacheslav Gimadi e Georgy Alburov, principal investigador anticorrupção da extinta Fundação Anticorrupção (FBK) do oposicionista.
Com a mais recente atualização, a lista de “terroristas e extremistas” da Rússia tem agora 22 nomes, entre eles 12 indivíduos ligados a Navalny. Com destaque para Leonid Volkov, que chefiou os escritórios regionais políticos do oposicionista, e Ivan Zhdanov, ex-chefe da FBK.
A designação bloqueia o acesso ao sistema bancário russo, vez que as instituições financeiras do país estão proibidas de fornecer serviços a indivíduos e organizações na lista.
Em uma ação separada, a Justiça russa solicitou que um tribunal de Moscou prendesse o irmão de Navalny, Oleg Navalny, sob a acusação de violar os termos de sua sentença suspensa de 2021, bem como os protocolos sanitários do país, ao promover protestos contra o governo e contra a prisão do irmão.
Por que isso importa?
Navalny ganhou destaque ao organizar manifestações e concorrer a cargos públicos na Rússia. A principal plataforma do oposicionista é o combate à corrupção no governo de Vladimir Putin, em virtude da qual ele uma cobra profunda reforma na estrutura política do país.
Em agosto de 2020, durante viagem à Sibéria, Navalny foi envenenado e passou meses se recuperando em Berlim. Ele voltou a Moscou em 17 de janeiro de 2021 e foi detido ainda no aeroporto. Um mês depois, foi julgado e condenado a dois anos e meio de prisão por violar uma sentença suspensa de 2014, sob acusação de fraude. Promotores alegaram que ele não se apresentou regularmente à polícia em 2020, justamente quando estava em coma pela dose tóxica.
Encarcerado em uma colônia penal de alta segurança, ele chegou a fazer uma greve de fome de 23 dias em abril de 2021, para protestar contra a falta de atendimento médico. Depois, em junho, um tribunal russo proibiu os escritórios regionais de Navalny e sua fundação, a FBK, de funcionarem, classificando-as como “extremistas”.
Em agosto do ano passado, a Justiça russa abriu uma nova acusação criminal contra o oposicionista, o que poder ampliar a sentença de prisão dele em três anos. Ele foi acusado de “incentivar cidadãos a cometerem atos ilegais”, por meio da FBK que ele criou.
Já em setembro de 2021, uma terceira acusação, por “extremismo”, ameaça estender o encarceramento por até uma década, sendo mantido sob custódia no mínimo até o fim da próxima eleição presidencial, em 2024, quando chega ao fim o atual mandato de seis anos de Vladimir Putin no Kremlin.
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