Temperaturas bem abaixo de zero que atingiram a Síria nesta semana transformaram campos para deslocados internos em zonas de desastre, segundo o vice-coordenador humanitário regional da ONU (Organização das Nações Unidas), Mark Cutts. Falando por videoconferência a jornalistas, na segunda-feira (24), ele disse que os enviados ao país árabe viram “cenas de terror reais” nos últimos dias, especialmente no noroeste, onde os campos são “ruins, na melhor das hipóteses”.
“Nossos trabalhadores humanitários estão retirando as pessoas de tendas desmoronadas”, disse Cutts, descrevendo um cenário no qual muitas pessoas não têm pás ou outros equipamentos para limpar a neve, então fazem isso com as próprias mãos, enquanto as crianças andam na neve usando apenas sandálias.
“É particularmente difícil para os idosos e pessoas com deficiência, que estão vivendo nessas barracas rasgadas e frágeis em temperaturas abaixo de zero”, disse o coordenador.
Segundo Cutts, cerca de 100 mil pessoas foram afetadas pela forte neve e cerca de 150 mil estão lutando contra a chuva e as temperaturas congelantes. “São 250 mil pessoas que estão realmente sofrendo agora os efeitos dessa onda de frio que se espalha por toda a região”, disse ele.
A área abriga 2,8 milhões de pessoas deslocadas, que estão entre algumas das populações mais vulneráveis do mundo. “São pessoas que passaram por muita coisa nos últimos anos. Eles fugiram de um lugar para outro, as bombas os seguiram e muitos dos hospitais e escolas do noroeste foram destruídos durante os dez anos de guerra”, afirmou.
Nos últimos dias, os trabalhadores humanitários têm feito o possível para limpar as estradas, implantar clínicas móveis, consertar ou substituir barracas danificadas e fornecer itens urgentemente necessários, como alimentos, cobertores e roupas de inverno.
Tensão crescente
Após um ataque à prisão de Ghwayran, na cidade al-Hasakah, na semana passada, as hostilidades aumentaram rapidamente na região, com tiros e explosões causando vítimas civis e expulsando cerca de 45 mil pessoas de suas casas.
Em um comunicado divulgado na segunda (24), o coordenador residente da ONU e coordenador humanitário para a Síria, Imran Riza, e o coordenador Hhumanitário regional, Muhannad Hadi, expressaram profunda preocupação com a segurança dos civis.
O ataque teria sido lançado por combatentes extremistas do Estado Islâmico (EI) que estão tentando libertar mais de 3 mil prisioneiros afiliados ao grupo terrorista. Eles estão detidos pelas Forças Democráticas Sírias (FDS), aliadas dos EUA.
A maioria dos deslocados buscou segurança com familiares e amigos em áreas próximas. Cerca de 500 pessoas estão hospedadas em dois abrigos temporários.
As organizações humanitárias estão ampliando suas respostas, mas os dois funcionários da ONU observaram que “o acesso humanitário irrestrito de todas as partes envolvidas é fundamental para garantir que a assistência de emergência chegue às pessoas afetadas”.
Conteúdo adaptado do material publicado originalmente em inglês pela ONU News
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