Um escritor ugandense que fez comentários críticos em uma rede social sobre o presidente do país, Yoweri Museveni, e o filho do líder nacional, foi acusado pelas autoridades locais nesta terça-feira (11) de “comunicações ofensivas”. Kakwenza Rukirabashaija, um premiado autor, está detido desde 28 de dezembro, de acordo com a rede Voice of America (VOA).
Rukirabashaija, recolhido em uma prisão de segurança máxima fora da capital, Kampala, é acusado de usar sua conta no Twitter para “perturbar a paz” de Museveni e seu filho, o tenente-general Muhoozi Kainerugaba, comandante das forças de infantaria do país da África Oriental. As acusações contra o escritor abrangem tweets que acusam o ditador de ter fraudado as últimas eleições, além de ter chamado Kainerugaba de “obeso”.
O advogado de Rukirabashaija, Eron Kiiza, disse à reportagem que não foi informado da aparição de seu cliente no tribunal até mais tarde. “Esta foi uma ação clandestina destinada a negar a ele uma oportunidade de representação legal e uma oportunidade de buscar seus remédios legais como fiança e se opor às acusações, que são falsas”, disse Kiiza, acrescentando que seu cliente foi torturado pela polícia.
Em meio aos relatos de violência no cárcere, ativistas e oposicionistas em Uganda e fora do país pedem a libertação de Rukirabashaija.
O tribunal emitiu no mesmo dia uma ordem para que o escritor seja submetido a um exame médico pelas autoridades prisionais para verificar seu estado de saúde. Durante uma busca em sua casa no dia 3 de janeiro, o escritor teria sussurrado para sua esposa que havia sido torturado. Fotos de suas roupas íntimas manchadas de sangue foram postadas posteriormente nas mídias sociais.
Esta é a terceira prisão de Rukirabashaija, vencedor do PEN Pinter Prize International Writer of Courage Award em 2021. A primeira detenção ocorreu em abril de 2020, época em que lançou seu romance, ‘The Greedy Barbarian’ (“O bárbaro ganancioso”, em tradução livre), um relato fictício sobre corrupção. Ele foi novamente preso em setembro do mesmo ano por seu segundo romance intitulado ‘Banana Republic’, que aborda a tortura.
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