Diversos canais de emissoras de televisão estatais do Irã foram invadidos na quinta-feira (27). Durante a ação, que durou aproximadamente dez segundos, as transmissões foram interrompidas para a exibição de fotos de líderes de dissidentes que lutam contra o atual governo, segundo informações da agência Associated Press.
As imagens exibidas durante a invasão eram das duas principais figuras do grupo oposicionista Mujahedeen-e-Khalq (MEK), os líderes Masud Rajavi e a mulher dele Maryam. No momento do incidente, as emissoras estatais exibiam o noticiário local, cuja transmissão foi substituída rapidamente pelas fotos.
Ao mesmo tempo em que as fotos surgiam na TV, uma mensagem dos invasores também pedia a morte do aiatolá Ali Khamenei. “Saudações a Rajavi, morte a Khamenei”, disse uma voz masculina enquanto os rostos dos líderes oposicionistas estampavam a tela.
O governo assume a ação como um ataque hacker e diz que investiga o caso. Já Shahin Gobadi, porta-voz do MEK sediado em Paris, manifestou certa surpresa: “Nós, como você, acabamos de ser informados sobre o assunto”, disse ele à reportagem.
Porém, Gobadi alegou que a invasão foi obra de pessoas ligadas ao grupo, sem, no entanto, dar maiores detalhes. “Parece que foi feito por partidários do MEK e unidades de resistência dentro das estações de rádio e televisão do regime”, disse ele, sugerindo que o grupo tem agentes infiltrados no governo.
Reza Alidadi, um alto funcionário da TV estatal, foi além e disse que o ataque possivelmente envolveu também a ajuda de estrangeiros. “Parece que o incidente não é simples e é um trabalho complicado que (apenas) os proprietários da tecnologia podem realizar”, disse ele.
Por que isso importa?
O MEK é o principal grupo de oposição ao governo iraniano e é uma facção do Conselho Nacional de Resistência do Irã (NCRI). Tem como meta derrubar o regime teocrático de Teerã e é liderado por Masud Rajavi, que não aparece em público há mais de duas décadas e presume-se que esteja morto. Maryam assumiu o comando da facção na ausência do marido.
Originalmente um grupo marxista de oposição ao governo do xá Mohammad Reza Pahlavi, o MEK chegou a ser acusado de realizar uma série de ataques contra autoridades dos EUA no Irã na década de 1970, algo que o grupo atualmente nega.
O MEK apoiou a Revolução Islâmica que colocou no poder o aiatolá Ruhollah Khomeini, em 1979, mas logo se afastou do líder e passou a realizar atentados contra figuras do governo. Mais tarde, membros da organização fugiram para o Iraque e apoiaram o ditador Saddam Hussein na guerra contra o Irã.
Atualmente, o MEK está estabelecido principalmente na Albânia, mas alega ter agentes operando dentro do Irã.
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