Seis pessoas morreram e casas foram incendiadas em um ataque atribuído a integrantes do Al-Shabaab ocorrido na última segunda-feira (3), na região costeira de Lamu, no Quênia, perto da fronteira com a Somália. As informações são da rede France 24.
“Confirmo que tivemos um ataque suspeito de ser do Al-Shabaab em um lugar conhecido como Widhu e perdemos seis pessoas. Uma foi morta a tiros e também temos outras que foram queimadas”, disse o comissário do condado de Lamu, Irungu Macharia. “Nossas forças de segurança estão perseguindo-os e pedimos o apoio dos moradores locais para nos ajudar, porque, quando trabalhamos juntos, temos sucesso”.
A região de Lamu, onde se localiza uma praia bastante popular, a Ilha de Lamu, fica perto da fronteira com a Somália e tem sofrido ataques frequentes do Al-Shabaab, muitas vezes realizados com bombas à beira de estradas.
Por que isso importa?
O Al-Shabbab, uma facção da Al-Qaeda, chegou a controlar a capital da Somália, Mogadíscio, até 2011, quando foi expulso de lá pelas forças da União Africana. Atualmente, controla territórios nas áreas rurais sobretudo no sul do país e luta para derrubar o governo nacional, além de ter se expandido para países vizinhos.
O grupo concentra seus ataques no sul e no centro da Somália. As atividades envolvem ataques a órgãos e oficiais do governo e a entidades de ajuda humanitária, além de extorsão contra a população local e proteção de terroristas internacionais que se escondem no país.
Os combatentes da Al-Shabaab também empreendem ataques em grande escala no Quênia em retaliação ao envio de tropas por Nairóbi à Somália em 2011, como parte das forças da União Africana que combatem os jihadistas.
Dados apontam que os extremistas estiveram em mais de 400 episódios violentos no país entre julho e setembro de 2020, sendo este o maior número de episódios violentos na Somália desde 2018.
O confronto, porém, atualmente pende para o lado do exército somali. O objetivo dos militares é reconquistar territórios vitais para a economia do país, numa ofensiva comandada pelo general Odowaa Yusuf Rageh. Em determinadas missões, ele faz questão de liderar pessoalmente os militares.
No Brasil
Casos mostram que o Brasil é um porto seguro para extremistas. Em dezembro de 2013, levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino.
Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos.
Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram.
Mais recentemente, em dezembro de 2021, três cidadãos estrangeiros que vivem no Brasil foram adicionados à lista de sanções do Tesouro Norte-americano. Eles são acusados de contribuir para o financiamento da Al-Qaeda, tendo inclusive mantido contato com figuras importantes do grupo terrorista.
Para o tenente-coronel do Exército Brasileiro André Soares, ex-agente da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), o anúncio do Tesouro causa “preocupação enorme”, vez que confirma a presença do país no mapa das organizações terroristas islâmicas.
“A possibilidade de atentados terroristas em solo brasileiro, perpetrados não apenas por grupos extremistas islâmicos, mas também pelo terrorismo internacional, é real”, diz Soares, mestre em operações militares e autor do livro “Ex-Agente Abre a Caixa-Preta da Abin” (editora Escrituras). “O Estado e a sociedade brasileira estão completamente vulneráveis a atentados terroristas internacionais e inclusive domésticos, exatamente em razão da total disfuncionalidade e do colapso da atual estrutura de Inteligência de Estado vigente no país”. Saiba mais.
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