O primeiro-ministro do Haiti, Joseph Jouthe, renunciou ao mandato nesta quarta (14), em meio à escalada de violência e aprofundamento da crise política. Em seu Twitter, o chefe de Estado disse apenas que oficializou o pedido ao presidente Josevel Moïse e agradeceu aos integrantes do governo.
No poder desde março de 2020, Jouthe foi o sexto primeiro-ministro nomeado em quatro anos de governo. Ele tentou renunciar ainda no mês passado, mas foi impedido por Moïse.
O Haiti vive protestos violentos desde 7 de fevereiro, quando o presidente decidiu que permaneceria no poder até 2022. A data seria o aniversário das eleições realizadas em 2015 – e, por consequência, o último dia de seu mandato.
O pleito, porém, foi cancelado à época e realizado novamente em 2016 após alegações de fraude. O presidente afirma que só assumiu o poder em 2017, após vencer a votação do ano anterior. Para a oposição, Moïse violou a Constituição ao não realizar eleições legislativas em 2019. Desde então, o Parlamento está vazio.
Moïse escolheu Claude Joseph, ex-ministro das Relações Exteriores do Haiti, para assumir o lugar de Jouthe. Em pronunciamento oficial, o presidente afirmou que a renúncia do agora ex-premiê “permitirá o enfrentamento” do “gritante problema de insegurança”.
Crise e insegurança
O país mais pobre das Américas tem uma população de 11 milhões de habitantes e altos índices de assassinatos e sequestros. Em 2020, uma onda de violência causou a morte de 307 pessoas entre abril e agosto – quase duas mortes violentas por dia em sete cidades nos arredores da capital Porto Príncipe.
Um relatório divulgado pelo Escritório de Assuntos Humanitários da ONU (Organização das Nações Unidas) em janeiro denunciou que as violações no Haiti seguem um “padrão” e a impunidade é “quase total”. Na segunda-feira, sete padres foram sequestrados em Porto Príncipe.
“Continuaremos com o objetivo de alcançar o consenso necessário para a estabilidade política e institucional de nosso país”, escreveu Moïse em seu Twitter. O Haiti é um dos países com maior rotatividade de primeiros-ministros: desde 2015, oito políticos ocuparam o cargo.
O presidente já afirmou que realizará um referendo constitucional em junho. O Conselho de Segurança da ONU pediu que o país prepare uma eleição presidencial até o final de 2021.
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