Ainda não há qualquer prova de que as tropas da Eritreia deixaram Tigré, no norte da Etiópia, alertou a ONU (Organização das Nações Unidas) na sexta (16). Pelo contrário, evidências demonstram que o conflito piorou. Conforme a Al-Jazeera, o avanço da violência foi discutido pelo Conselho de Segurança da ONU em reunião de portas fechadas.
O assunto volta à tona duas semanas depois que o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, prometeu retirar as forças do antigo rival instalados em Tigré, no dia 26. Ahmed reconheceu que as tropas eritreias ocuparam apenas as áreas ao longo da fronteira entre os dois países – supostamente abandonadas pelos soldados etíopes.
Conforme o diretor do Escritório de Assuntos Humanitários da ONU, Mark Lowcock, a situação em Tigré se deteriorou nas últimas semanas. Segundo ele, a grande maioria das seis milhões de pessoas da região estão total ou parcialmente inacessíveis às agências humanitárias.
O Centro de Assuntos Sociais da Etiópia estima que a violência já forçou o deslocamento de mais de 1,7 milhão de civis de Tigré. “Há aldeias completamente abandonadas”, disse Lowcock. Pelo menos 4,5 milhões dos 6 milhões de habitantes da região precisam de ajuda humanitária para sobreviver.
Estupro sistemático
Testemunhas relataram um “estupro sistemático” contra os cidadãos de Tigré. “Há estupros coletivos e violência sexual especialmente perturbadores e alarmantemente generalizados”, disse Lowcock. Segundo ele, a maioria dos estupros é cometida por “homens uniformizados”.
Também há relatos do uso da fome como arma de guerra. “Há 150 pessoas morrendo de fome no distrito de Ofla Woreda, ao sul de Mekelle”, afirmou o alto funcionário à emissora VOA (Voice of America). “É um sinal do que está por vir se não fizermos nada”.
Uma reportagem lançada pela Anistia Internacional na segunda (12) aponta que tropas da Eritreia abriram fogo contra civis na cidade de Adwa. O suposto ataque “não provocado” teria matado pelo menos três pessoas e ferido outras 19.
As forças de Adis Abeba tomaram o controle de Tigré em novembro de 2020 depois de culpar a TPLF (Frente de Libertação do Povo Tigré), que domina a região, por “desobediência civil” após prosseguir com uma eleição local. O governo federal adiou o pleito por conta da pandemia.
Foi o início de uma disputa violenta no governo de Abiy Ahmed, agraciado com o Nobel da Paz de 2019 por reaproximar os países vizinhos após 20 anos de confrontos. O acordo de paz não reduziu as diferenças entre a Eritreia e o TPLF, que continuaram adversários.
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