por Júlia Possa
Com histórico de desmatamento em massa, as Ilhas Salomão agem para criar um arcabouço mínimo de preservação após sanção de um código florestal, em setembro de 2020, pelo governo de Manasseh Sogavare. A medida vem na sequência de uma norma chinesa que impede a compra de madeira ilegal no país.
A lei chega com anos de atraso, já que estima-se o esgotamento total das florestas no país até 2036, na avaliação de especialistas consultados pelo jornal local “Solomon Times”.
Até 80% da madeira das Ilhas Salomão vai para o gigante asiático, que também recebe matéria-prima de nações como Papua Nova Guiné e Guiné Equatorial A China é o maior importador, fabricante e exportador de produtos de madeira no mundo e as importações já representam cerca de metade do consumo total do país.
As novas regras na China entraram em vigor em julho de 2020 e proíbem a compra, o processamento e o transporte de produtos criados a partir da madeira de origem ilegal. Há dúvidas, porém, a respeito da implantação da lei na prática. Procurada, a embaixada da China no Brasil não respondeu.
A organização Global Witness já havia alertado para o risco de ilegalidade no desmatamento de madeira tropical nas Ilhas Salomão em um relatório lançado em 2018. Imagens de satélite, fotos de drones e dados comerciais apontavam que a matéria-prima era colhida em escala industrial, o que colabora para a devastação da biodiversidade local.
À época, a organização listou a responsabilidade da China sobre as perdas e pela falta de questionamento aos vendedores de madeira, além da estreita ligação comercial entre os dois países. Com a nova política, porém, o governo defende que “decidiu transformar o setor florestal em uma indústria sustentável”.
“Exploração sem impacto”
Para o secretário permanente do Ministério das Florestas, Vaeno Vigulu, a exploração indiscriminada dos recursos se espalhou mas o objetivo agora será explorar as florestas com menor impacto negativo.
Vigulu promete um “controle adequado”, mas a lei não detalha o processo embora cite “conservação florestal, gestão sustentável, economia e marketing ambiental e transparência”. Companhias chinesas e da Malásia desmatam florestas das Ilhas Salomão desde a década de 1990. A grande maioria da madeira vai para a construção de móveis.
Relações diplomáticas
Além da compra de madeira, Beijing também financia a construção de toda a infraestrutura olímpica para os Jogos do Pacífico de 2023, dos quais o governo será anfitriã. O acordo com Beijing foi firmado em outubro, após meses de atraso por conta da pandemia.
As obras, porém, representam um impasse em relação a Taiwan. Em 2019, Sogavare interrompeu as relações de 36 anos com Taipé e anunciou que reconheceria a soberania chinesa sobre o território. Beijing defende que Taiwan é uma “parte inseparável” da China, enquanto a ilha reivindica sua independência e busca apoio de rivais chineses como os EUA.
A decisão em transferir a lealdade para a China repercutiu em outras pequenas nações. Kiribati abandonou Taiwan menos de duas semanas depois – gerando apreensão na Austrália, que se opõe à expansão chinesa no Pacífico. Hoje, apenas 15 países reconhecem o governo de Taipé.
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