Todas as religiões da China já são alvo da campanha de sinificação, apontou a revista semanal britânica “The Economist”. O processo, lançado em 2015 pelo presidente Xi Jinping, prevê planos específicos para cada uma das cinco religiões reconhecidas oficialmente no país – o budismo, islã, taoísmo e o cristianismo, dividido entre o protestantismo e o catolicismo.
Os projetos, divulgados em 2018 e 2019, preveem cinco anos para fazer com que as igrejas usem a arquitetura e as melodias chinesas para seus hinos, assim como pintura, caligrafia e outras “formas culturais populares” do estilo chinês.
O documento, porém, não menciona as igrejas domésticas, impõe multas mais severas ao uso não autorizado das instalações para fins religiosos e exige uma permissão oficial para “treinamento religioso” no exterior. Além disso, proíbe qualquer “controle” das igrejas por “forças externas”.
No caso das religiões muçulmana e budista, as medidas de sinificação são mais específicas e já estão em andamento. Desde 2016, mais de um milhão de muçulmanos, a maioria da etnia de raízes turcas uigur, passou por campos de detenção para “desradicalização” na província de Xinjiang, no oeste do país.
Denúncias de trabalho e esterilização forçados, maus tratos e perseguição religiosa chamaram a atenção da comunidade internacional, que anunciou sanções à China.
Já o Tibet é um dos territórios onde há o maior número de restrições às liberdades individuais por conta do histórico separatista. A China assumiu o controle da região em 1950, após o envio de tropas para uma “libertação pacífica”.
Cristãos e protestantes
A população de 80 milhões de cristãos e sua disposição em igrejas domésticas – estruturas não regulamentadas, mas organizadas em pequenas comunidades –, está no centro das preocupações de Beijing. Os locais são comuns entre protestantes, que têm desempenhado um papel importante nos movimentos anticomunistas ao redor do mundo.
No plano de sinificação às religiões cristãs, o governo chinês define que os pregadores devem promover os “valores socialistas”. Outra definição é tornar as interpretações da Bíblia mais “sinificadas”. Desde 2018, o Vaticano e Beijing acordaram em escolher os bispos em conjunto – decisão que foi renovada em 2020.
Censores também já intensificaram a remoção de símbolos cristãos nas publicações físicas e redes sociais, de acordo com a organização cristã China Aid. Palavras como “Cristo” e “Jesus” estariam sendo trocadas por “JD” e “YS”. Analistas dizem que grupos religiosos também estariam substituindo as palavras em autocensura, como forma de evitar bloqueios online.
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