A Rússia “está pronta” para cortar relações com a UE (União Europeia) caso sejam impostas novas sanções, afirmou nesta quinta (11) o ministro das Relações Exteriores do país, Sergei Lavrov.
A declaração ocorreu durante uma entrevista no canal de YouTube russo Solovyov Ao Vivo. Essa ruptura aconteceria se houver “sanções que criam riscos à nossa economia, incluindo em áreas muito sensíveis”, afirmou o chanceler, segundo a britânica BBC.
“Não queremos nos isolar de questões internacionais, mas temos de estar preparados para isso”, afirmou, no canal do comentarista pró-Kremlin Vladimir Solovyov. “Se você quer paz, prepare-se para a guerra”.
A Alemanha classificou a fala de Lavrov como “desconcertante” e “incompreensível”, segundo a Reuters.
Na sexta, a porta-voz do Kremlin Maria Zakharova contemporizou a fala do ministro Lavrov durante o briefing diário com jornalistas. “Insistimos em uma cooperação igual e mutuamente respeitosa”, afirmou, segundo registro da agência de notícias estatal RIA Novosti.
A ruptura nas relações, disse Zakharova, só ocorreria por iniciativa da UE. O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, disse a membros do Parlamento europeu em Bruxelas que “poria em negociação propostas concretas”, que podem incluir novas penalidades aos russos.
Repercussão em Bruxelas
As relações russo-europeias vivem um ponto baixo desde a expulsão de diplomatas da UE de Alemanha, Polônia e Suécia acusados de “participar de manifestações ilegais” em favor de Alexei Navalny, opositor do presidente Vladimir Putin.
O anúncio da expulsão foi feito durante a visita do chefe de assuntos externos da UE, o catalão Borrell, a Moscou. Os dois representantes realizavam uma entrevista coletiva quando a informação foi divulgada, registrou o editor-chefe da RFE (Radio Free Europe) em Moscou, Steve Gutterman.
As lideranças europeias devem se reunir no próximo dia 22 para tratar das novas sanções à Rússia de Lavrov. Em paralelo, a Alemanha deve retomar a fase final da construção do gasoduto Nord Stream 2 mesmo com feroz oposição da vizinha Polônia e dos países bálticos, todos membros da UE.
Navalny foi envenenado com o agente nervoso Novichok, de fabricação russa, em agosto de 2020. O dissidente passou por tratamento médico na Alemanha e retornou no último dia 18, quando foi preso ainda no aeroporto de Moscou.
Militantes pró-Navalny marcaram mais um protesto para este domingo (14). A manifestação, também considerada ilegal pelo governo, pede a revogação da sentença de dois anos de cadeia para o opositor e consiste em 15 minutos com a lanterna do celular ligada, mesmo que em casa.
Histórico conturbado
Gutterman, da RFE, lembrou que são frequentes os movimentos anti-Ocidente em anos eleitorais na Rússia. Se há insatisfação em larga escala dentro do país, Putin afirma que trata-se de uma manobra de EUA e Europa contra seu governo, afirma.
Em um encontro com executivos de veículos de imprensa russos, Putin afirmou que “eu e você sabemos que essas manifestações não autorizadas são inspiradas pelo Ocidente”. Navalny, por sua vez, seria “usado por atores externos” para “conter a Rússia”, registrou o portal russo TheBell.io, que não participou da reunião.
“As falas de Putin são parte de uma série de declarações e ações que observadores afirmam ter como objetivo colocar a culpa no Ocidente por problemas domésticos enfrentados pelo Kremlin e apertar o cerco controlando a sociedade civil, suprimindo dissidência e silenciando oponentes, reais ou percebidos, em casa”, afirmou o colunista.
Antes das eleições de 2012, lembrou a RFE, houve manobra semelhante: a então secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, foi acusada de organizar a oposição contra o regime na Rússia.
“Sabemos que os organizadores agem de acordo com um plano bem conhecido para seus interesses políticos mercenários. Colocar dinheiro em processos eleitorais é particularmente inaceitável”, afirmou Putin à época.
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