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segunda-feira, 19 de abril de 2021

OMS: Alerta para escassez global de novos antibióticos

Este conteúdo foi publicado originalmente no portal ONU News, da Organização das Nações Unidas

O mundo ainda não está desenvolvendo os tratamentos antibacterianos de que precisa desesperadamente, apesar da maior consciência sobre a ameaça da resistência aos antibióticos. 

A conclusão faz parte de um novo relatório da OMS (Organização Mundial de Saúde) que revela que nenhum dos 43 antibióticos atualmente em desenvolvimento resolvem o problema da resistência às bactérias mais perigosas do mundo. 

Em comunicado, o diretor-geral assistente da OMS, Hanan Balkhy, disse que “a falha persistente em desenvolver, fabricar e distribuir novos antibióticos eficazes está alimentando ainda mais o impacto da resistência antimicrobiana e ameaça a capacidade de tratar infecções bacterianas com sucesso.” 

OMS: Alerta para escassez global de novos antibióticos
Idosa maneja antibióticos em Punjab, Índia (Foto: IRIN/Eva-Lotta Jansson)

Quase todos os novos antibióticos lançados no mercado nas últimas décadas são variações das classes de antibióticos descobertos na década de 1980. O impacto do problema é mais grave em ambientes com recursos limitados e entre grupos vulneráveis, como recém-nascidos e crianças pequenas. 

A pneumonia bacteriana e as infecções da corrente sanguínea estão entre as principais causas de mortalidade infantil abaixo dos cinco anos de idade. Cerca de 30% dos bebês com menos de um mês de vida com sepse morrem devido a infecções bacterianas resistentes a vários antibióticos.  

Conclusões 

A nova pesquisa analisa os antibióticos que estão nos estágios clínicos de teste, bem como aqueles em desenvolvimento inicial. O objetivo é avaliar o progresso e identificar lacunas em relação às ameaças urgentes e encorajar ações para preencher essas lacunas. 

O relatório avalia o potencial para lidar com as bactérias descritas na Lista de Patógenos Bacterianos Prioritários da OMS. A relação inclui 13 bactérias resistentes e aponta as áreas prioritárias de pesquisa desde 2017. Segundo o estudo, pouco está mudando e apenas alguns antibióticos foram aprovados por agências regulatórias nos últimos anos. 

A maioria tem benefícios clínicos limitados em relação aos tratamentos já existentes e 82% são derivados de classes com resistência comprovada. Por isso, a OMS diz que “é esperado um rápido surgimento de resistência aos medicamentos a esses novos agentes.” 

A OMS conclui que “em geral, a linha clínica e os antibióticos recentemente aprovados são insuficientes para enfrentar o desafio de aumentar a emergência e disseminação da resistência antimicrobiana”. 

Soluções 

A falta de progresso destaca a necessidade de explorar abordagens inovadoras. Pela primeira vez, o relatório inclui uma visão dos medicamentos antibacterianos não tradicionais, incluindo 27 agentes que variam de anticorpos a bacteriófagos e terapias que apoiam a resposta imunológica do paciente.  

Segundo o relatório, existem alguns produtos promissores, mas apenas uma fração deles chegará ao mercado devido aos desafios econômicos e científicos. O pequeno retorno sobre o investimento também limita o interesse dos principais investidores privados e da maioria das grandes empresas farmacêuticas

A OMS diz que maioria da pesquisa continua através de empresas de pequeno e médio porte, que lutam para financiar seus produtos até os estágios finais do desenvolvimento ou até serem aprovados.  

Oportunidade 

A Covid-19 aumentou a compreensão global das implicações econômicas e de saúde de uma pandemia descontrolada. A crise da saúde também acentuou as lacunas no financiamento sustentável para enfrentar esses riscos. 

Segundo o diretor de Coordenação Global de Resistência Antimicrobiana, Haileyesus Getahun, “as oportunidades emergentes da pandemia devem trazer à tona as necessidades de investimentos sustentáveis ​​em pesquisa e desenvolvimento de antibióticos novos e eficazes.” 

Para Getahun, “os antibióticos apresentam o calcanhar de Aquiles para a cobertura universal de saúde e segurança de saúde global” e, por isso, o mundo precisa “de um esforço global sustentado, incluindo mecanismos para financiamento conjunto e investimentos novos e adicionais.”

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