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sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Soltura de ativista saudita mira relação positiva com EUA, dizem analistas

A libertação da ativista Loujain al-Hathloul, na quarta (10), na Arábia Saudita, teria como objetivo garantir uma interlocução positiva neste início de governo de Joe Biden, segundo analistas.

O novo presidente dos EUA prometeu em campanha uma postura mais dura contra o regime, em contraste com seu antecessor, Donald Trump.

Al-Hathloul, 31, foi presa em maio de 2018 por liderar uma campanha para permitir que mulheres dirijam no país. Poucas semanas depois, o governo saudita suspendeu a proibição, mas manteve a jovem presa.

A ativista, que ganhou evidência global como símbolo da busca por direitos das mulheres sauditas, teve apenas parte de sua sentença suspensa. Isso significa que Al-Hathloul poderá voltar à prisão a qualquer momento.

Soltura de Riad a Loujain al-Hathloul prevê elo com EUA, dizem analistas
A ativista pelos direitos das mulheres sauditas, Loujain al-Hathloul (Foto: Reprodução/Human Rights Watch)

A ativista deverá prestar serviços comunitários no restante da pena, não pode sair do país por cinco anos, está proibida de conversar com a imprensa internacional e participar de ações que questionem o regime.

“A prisão injusta de Loujain al-Hathloul terminou, mas ela ainda não está livre”, disse Adam Coogle, vice-diretor para o Oriente Médio da organização Human Rights Watch, ao citar a comutação da pena.

A família denunciou que Al-Hathloul sofreu tortura na prisão.

Tensão bilateral

Pouco antes de assumir o mandato, Biden pediu uma “reavaliação” da relação entre Washington e Riad. O democrata chamou atenção para o histórico de violações dos direitos humanos por parte do país.

Um exemplo é o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi no consulado saudita de Istambul, na Turquia, em 2018. Entidades internacionais acusam o príncipe herdeiro, Mohammed bin Salman, de ordenar o ataque. Ele nega.

Além de al-Hathloul, vários outros presos foram libertados pela Arábia Saudita nos últimos dias, segundo a norte-americana NPR. Autoridades sauditas soltaram dois ativistas com cidadania norte-americana, sob fiança, enquanto aguardam julgamento por acusações de “terrorismo”.

Em janeiro, um tribunal de apelação reduziu pela metade a pena de seis anos de prisão de um médico dos EUA e suspendeu o restante. Ele não deve voltar à prisão, apurou a Reuters.

As autoridades sauditas não comentaram a libertação e a Casa Branca elogiou a medida de Riad. “Liberá-la foi a coisa certa a fazer”, disse Biden.

Soltura de Riad a Loujain al-Hathloul prevê elo com EUA, dizem analistas
Manifestações pela libertação de Loujain al-Hathloul em Paris, março de 2020 (Foto: CreativeCommons/Jeanne Menjoulet)

Acusações

Al-Hathloul tornou-se uma ativista em 2013, após se formar na Universidade da Colúmbia Britânica no Canadá, e voltar à Arábia Saudita. Ao sair do aeroporto, em Riad, dirigiu até sua casa, filmada pelo pai. O vídeo viralizou – e Al-Hathloul entrou na mira dos príncipes sauditas.

À época da prisão, em 2018, Mohammed bin Salman tentava se estabelecer como um modernizador. Ao mesmo tempo, suprimiu a dissidência e prendeu clérigos, empresários e ativistas.

Em dezembro passado, Al-Hathloul foi condenada a cinco anos e oito meses de prisão sob a lei antiterrorismo. As acusações contra ela incluem o “compartilhamento de informações com diplomatas e jornalistas estrangeiros” e a “tentativa de mudar o sistema saudita”.


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