A crescente atividade militar da China e o endurecimento do discurso contra Taiwan aumenta a temperatura do conflito entre os dois países após um 2020 de acusações e ameaças. “Independência significa guerra”, afirmaram porta-vozes chineses no último dia 25.
Nesta quinta (4), o ministro de Relações Exteriores de Taiwan, Joseph Wu, anunciou a abertura de um escritório diplomático na Guiana, reportou a Reuters. O movimento acelera a tensão com Beijing, que busca aumentar sua influência sobre a América Latina.
No final de janeiro, o porta-voz do Ministério de Defesa chinês, Wu Qian, disse que Taiwan é uma “parte inseparável da China”, ao ser questionado sobre as atividades do Exército chinês no Estreito que separa as duas nações.
Nos últimos meses, cresceram os sobrevoos de aviões chineses, como jatos de combate e bombardeio J-10, na zona de defesa aérea de Taiwan, localizada na extremidade superior do Mar da China Meridional.
Em outubro, fontes do governo chinês teriam “vazado” a informação de que Beijing instalou um míssil hipersônico DF-17 – um dos mais potentes – em direção à ilha.
“As atividades militares da China no Estreito de Taiwan são necessárias para salvaguardar a soberania e a segurança nacionais”, disse Wu. “São uma resposta solene às interferências externas e provocações das forças de independência de Taiwan“.
Wu ainda advertiu: “aqueles que brincam com fogo vão se queimar. A independência de Taiwan significa guerra”.
EUA e Taiwan
O alinhamento de Taiwan aos EUA – o principal oponente de Beijing na disputa comercial e tecnológica que se acentuou no governo de Donald Trump – gera preocupação sobre um possível confronto armado na ilha.
As incursões chinesas ao Estreito, nos dias 23 e 24, coincidiram com a estreia de um grupo de porta-aviões dos EUA no Mar da China Meridional. O objetivo, conforme o Pentágono, é promover a “liberdade dos mares”.
O porta-voz do Pentágono, John Kirby, já reafirmou o apoio militar dos EUA à defesa de Taiwan. “Temos a obrigação de ajudar [Taiwan] e creio que isso vocês verão continuar”, disse em seu primeiro briefing à imprensa após a posse de Joe Biden.
Apesar de discordar de “algumas abordagens” de Trump ante Beijing, Biden já reafirmou que seu compromisso com a ilha segue “sólido como uma rocha”.
Para a China, a relação com Taiwan é o maior ponto de atrito com Washington. Durante o governo Trump, altos representantes norte-americanos visitaram o território após anos de isolamento diplomático da ilha, condição para o restabelecimento do contato norte-americano com a China continental nos anos 1970.
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