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terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

Cerca de 20 mil refugiados estão desaparecidos na Etiópia, alerta ONU

A ONU (Organização das Nações Unidas) alertou que cerca de 20 mil refugiados estão desaparecidos na Etiópia. A maior parte estava em dois campos-abrigos na região de Tigré, epicentro de conflitos armados desde novembro.

Os campos Hitsats e Shimelba foram destruídos pelos confrontos em janeiro, disse a ONU. A maioria dos desaparecidos da Etiópia vinha da Eritreia. Apenas três mil refugiados conseguiram alcançar o campo de Mai-Aini, ainda a salvo dos ataques.

Segundo o alto comissário da Acnur (Agência das Nações Unidas para Refugiados), Filippo Grandi, estima-se que muitos dos refugiados tenham morrido no fogo cruzado.

Cerca de 20 mil refugiados estão desaparecidos na Etiópia, alerta ONU
Refugiados da região de Tigré, Etiópia, ao chegar no Sudão em novembro de 2020 (Foto: UNHCR/Hazim Elhag)

Outros foram raptados e forçados a retornar à Eritreia pelas forças nacionais. A Etiópia já negou a presença de soldados eritreus na região e a principal suspeita é a de que as forças se recusam a deixar o país.

O governo eritreu já se declarou inimigo dos líderes de Tigré depois de uma guerra entre fronteiras, que durou 20 anos. O primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, liderou o processo de pacificação – pelo qual ganhou o Nobel da Paz em 2019.

Os conflitos em Tigré recomeçaram em 11 de novembro, quando forças etíopes assumiram o controle da região ao alegar “desobediência civil” depois que autoridades locais realizaram eleições mesmo com o adiamento imposto pelo governo federal.

Situação é gravíssima, alertam agências

Além da ONU, outras agências como a Cruz Vermelha alertam sobre a gravidade da situação em Tigré. Por causa do conflito, muitas regiões estão ilhadas e não há acesso a ajuda humanitária.

Até agora, 100 mil pessoas foram forçadas a se deslocar. Pelo menos 60 mil se refugiaram no Sudão. Não há como precisar o número de mortos, mas a estimativa é que centenas tenham morrido nos confrontos ou deslocamentos.

Relatos de saques, violência sexual e abusos em campos de refugiados já chamam a atenção da comunidade internacional. A população de Tigré, que ultrapassa os cinco milhões, está à beira da fome e sem acesso a água potável ou remédios graças a bloqueios na região.

Grandi instou o governo etíope a “fazer mais” para proteger os civis de Tigré das consequências do conflito. “Tenho a responsabilidade de dizer ao governo que ajude a minimizar e eliminar o impacto dessa situação sobre os civis”, defendeu o representante da ONU à Al-Jazeera.

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