A ONU (Organização das Nações Unidas) alertou que cerca de 20 mil refugiados estão desaparecidos na Etiópia. A maior parte estava em dois campos-abrigos na região de Tigré, epicentro de conflitos armados desde novembro.
Os campos Hitsats e Shimelba foram destruídos pelos confrontos em janeiro, disse a ONU. A maioria dos desaparecidos da Etiópia vinha da Eritreia. Apenas três mil refugiados conseguiram alcançar o campo de Mai-Aini, ainda a salvo dos ataques.
Segundo o alto comissário da Acnur (Agência das Nações Unidas para Refugiados), Filippo Grandi, estima-se que muitos dos refugiados tenham morrido no fogo cruzado.
Outros foram raptados e forçados a retornar à Eritreia pelas forças nacionais. A Etiópia já negou a presença de soldados eritreus na região e a principal suspeita é a de que as forças se recusam a deixar o país.
O governo eritreu já se declarou inimigo dos líderes de Tigré depois de uma guerra entre fronteiras, que durou 20 anos. O primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, liderou o processo de pacificação – pelo qual ganhou o Nobel da Paz em 2019.
Os conflitos em Tigré recomeçaram em 11 de novembro, quando forças etíopes assumiram o controle da região ao alegar “desobediência civil” depois que autoridades locais realizaram eleições mesmo com o adiamento imposto pelo governo federal.
Situação é gravíssima, alertam agências
Além da ONU, outras agências como a Cruz Vermelha alertam sobre a gravidade da situação em Tigré. Por causa do conflito, muitas regiões estão ilhadas e não há acesso a ajuda humanitária.
Até agora, 100 mil pessoas foram forçadas a se deslocar. Pelo menos 60 mil se refugiaram no Sudão. Não há como precisar o número de mortos, mas a estimativa é que centenas tenham morrido nos confrontos ou deslocamentos.
Relatos de saques, violência sexual e abusos em campos de refugiados já chamam a atenção da comunidade internacional. A população de Tigré, que ultrapassa os cinco milhões, está à beira da fome e sem acesso a água potável ou remédios graças a bloqueios na região.
Grandi instou o governo etíope a “fazer mais” para proteger os civis de Tigré das consequências do conflito. “Tenho a responsabilidade de dizer ao governo que ajude a minimizar e eliminar o impacto dessa situação sobre os civis”, defendeu o representante da ONU à Al-Jazeera.
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