A Meta, novo nome da empresa na qual está inserido o Facebook, declarou nesta quarta-feira (1) que a agência de inteligência de Belarus, a KGB, estava por trás de contas falsas na rede social que visavam a instigar a crise migratória na fronteira do país com a União Europeia (UE). As publicações faziam críticas à Polônia, que acusa Minsk de empurrar para o país vizinho milhares de imigrantes ilegais que tentam ingressar no bloco. As informações são do jornal Washington Post.
De acordo com a plataforma, mais de 40 perfis, cinco grupos e quatro contas do Instagram se passavam por jornalistas e ativistas da UE, principalmente da Polônia e da Lituânia. Os posts foram escritos em inglês, polonês e curdo e traziam fotos e vídeos de guardas de fronteira poloneses em atos que supostamente estariam violando os direitos dos migrantes.
Uma dessas publicações, escrita em polonês, trazia um banner que dizia que “a Polônia distorce cada vez mais os acontecimentos na fronteira, acusando injustificadamente o lado belarusso, tentando assim desviar a atenção das atividades ilegais das forças de segurança polonesas em relação aos refugiados”.
A Meta detalhou que o alcance das publicações foi baixo. Menos de 1,4 mil pessoas entraram em um ou mais dos grupos, e menos de 200 usuários seguiram uma ou mais das contas do Instagram. Os perfis falsos foram removidos.
“Embora as pessoas por trás disso tenham tentado ocultar suas identidades e coordenação, nossa investigação encontrou links para a KGB belarussa”, disse a Meta, que não revelou como ligou as contas a Belarus.
Uma das contas removida teria planejado um protesto em Minsk, anunciado no Facebook. A mídia local chegou a divulgar o ato. Algumas pessoas manifestaram interesse pelo evento no Facebook e confirmaram presença, mas não há indícios de que tenha ocorrido.
Novas sanções
A UE aprovou, na quarta-feira (10 ), um quinto pacote de sanções contra Belarus em função da instabilidade na fronteira. A decisão atinge 17 pessoas e 11 entidades, ampliando uma lista de 166 nomes que continha o presidente belarusso Alexander Lukashenko e dois de seus filhos.
Lukashenko é acusado de travar uma guerra híbrida com as nações europeias ao permitir que migrantes entrem em seu país, sendo posteriormente direcionados às fronteiras com Polônia, Lituânia e Estônia, onde buscam asilo. A ação do mandatário seria justamente uma retaliação à UE devido a sanções impostas em razão da repressão política na ex-república soviética.
Por que isso importa?
Desde agosto a UE estuda medidas emergenciais de lidar com a questão de travessias ilegais desde Belarus rumo ao bloco, bem como formas concretas de assistência aos países afetados na gestão do problema. Para os Estados-Membros, a questão diz respeito tanto aos direitos humanos quanto à segurança continental.
Milhares de refugiados e migrantes chegaram à Lituânia neste ano e estão sendo abrigados em campos temporários em todo o país. A primeira-ministra lituana, Ingrida Simonyte, acusou Lukashenko, conhecido pela alcunha de “último ditador da Europa“, de “explorar essas pessoas pobres, homens e mulheres”.
A chanceler alemã Angela Merkel e a primeira-ministra da Estônia, Kaja Kallas, acusaram Lukashenko de lançar um “ataque híbrido” contra o bloco de 27 nações, canalizando migrantes para a Lituânia, Letônia, Estônia e Polônia em retaliação às sanções da UE.
“Concordamos que esta é uma agressão híbrida que usa seres humanos”, disse Merkel após suas conversas em Berlim. Ela disse ainda que trataria o assunto com o presidente russo Vladimir Putin, em Moscou, nesta sexta-feira (20).
Um oficial da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) classificou a situação como “inaceitável”. Segundo ele, a aliança, da qual Polônia, Lituânia e Letônia fazem parte, “está pronta para ajudar ainda mais nossos aliados e para manter a segurança e a proteção na região”.
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