Um relatório divulgado pelo Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU, da sigla em inglês) aponta que mais de 20 oficiais da inteligência russa que operavam no país sob cobertura diplomática foram denunciados pelo departamento nos últimos sete anos.
O trabalho já levou aos tribunais mais de 180 réus, que foram posteriormente considerados culpados por traição e espionagem, segundo a agência ucraniana Ukrinform.Desde 2014, unidades de contraespionagem neutralizaram mais de 30 redes de inteligência hostis em diferentes regiões do país, disse a assessoria de comunicação do departamento.
Nesse período, o SBU afirma ter desmantelado mais de 300 grupos de sabotagem e reconhecimento do inimigo. Vinte e seis pessoas foram presas sob acusação de terem planejado explosões em instalações de infraestrutura crítica, incluindo objetos de defesa.
Os esforços também resultaram na condenação de 250 militantes separatistas, sobre os quais recaíram diversos tipos de penas por crimes contra a segurança nacional. Entre eles estão líderes e membros de milícias e organizações terroristas das autoproclamadas repúblicas populares de Donetsk (DPR) e Lugansk (LPR).
Em uma grande operação especial, a SBU expôs uma rede de inteligência coordenada pela FSB da Rússia (Agência de Segurança Federal, da sigla em inglês), em operações executadas nas regiões de Kiev, Odesa, Mykolaiv, Zhytomyr e Chernihiv.
A rede trabalhava em preparativos para atos de sabotagem contra aviões de combate baseados em um dos aeródromos da Força Aérea ucraniana. Aproximadamente três quilogramas de explosivos com detonadores elétricos, além de granadas de propulsão por foguete antitanque, foram apreendidas na operação.
Outra operação impediu a instalação de uma bomba em
uma instalação industrial na região de Luhansk. O artefato seria plantado em um tanque de amônia, mas o sabotador foi detido pelo serviço de contraespionagem ates da execução. Na ocasião, duas granadas de propulsão por foguete antitanque RPG-22 foram apreendidas.Ação também considerada importante foi a prisão de um proeminente espião russo na região de Luhansk, local para onde ele foi destacado com a missão de coletar informações sobre as unidades envolvidas nas Operações das Forças Conjuntas.
Por que isso importa?
A tensão entre Ucrânia e Rússia explodiu com a anexação da Crimeia por Moscou. Tudo começou no final de 2013, quando o então presidente da Ucrânia, o pró-Kremlin Viktor Yanukovych, se recusou a assinar um acordo que estreitaria as relações do país com a UE. A decisão levou a protestos em massa que culminaram com a fuga de Yanukovych para Moscou em fevereiro de 2014.
Após a fuga do presidente, grupos pró-Moscou aproveitaram o vazio no governo nacional para assumir o comando da península da Crimeia e declarar sua independência. Então, em março de 2014, as autoridades locais realizaram um referendo sobre a “reunificação” da região com a Rússia. A aprovação foi superior a 90%.
Com base no referendo, considerado ilegal pela ONU (Organização das Nações Unidas), a Crimeia passou a se considerar território russo. Entre outras medidas, adotou o rublo russo como moeda e mudou o código dos telefones para o número usado na Rússia.
Paralelamente à questão da Crimeia, Moscou também apoia os separatistas ucranianos que enfrentam as forças de Kiev na região leste da Ucrânia desde abril de 2014. O conflito armado, que já matou mais de dez mil pessoas, opõe ao governo ucraniano as forças separatistas das autodeclaradas Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, que formam a região de Donbass e contam com suporte militar russo.
Em 2021, as tensões escalaram na fronteira entre os dois países. Washington tem monitorado o crescimento do exército russo na região fronteiriça e compartilhou informações de inteligência com seus aliados. Os dados apontam um aumento de tropas e artilharia russas que permitiriam um avanço rápido e em grande escala, bastando para isso a aprovação de Putin e a adoção das medidas logísticas necessárias.
Especialistas calculam que a Rússia tenha entre 70 mil e 100 mil soldados nas proximidades da Ucrânia, sendo necessária uma força de 175 mil para invadir, além de mais combustível e munição. Conforme o cenário descrito pela inteligência dos EUA, as tropas russas invadiriam o país vizinho pela Crimeia e por Belarus.
Um eventual conflito, porém, não seria tão fácil para Moscou como os anteriores. Isso porque, desde 2014, o Ocidente ajudou a Ucrânia a fortalecer suas forças armadas, com fornecimento de armamento, tecnologia e treinamento. Assim, embora Putin negue qualquer intenção de lançar uma ofensiva, suas tropas enfrentariam um exército ucraniano muito mais capaz de resistir.
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