O governo da China anunciou que enviará agentes de polícia e equipamento de contenção de protestos às Ilhas Salomão, que no mês passado enfrentaram violentas manifestações populares reivindicando a queda do primeiro-ministro Manasseh Sogavare. O alinhamento do governo com Beijing seria uma das motivações da revolta popular. As informações são da rádio norte-americana WHBL.
Seis oficiais da polícia chinesa atuarão no treinamento das forças de segurança das Ilhas Salmoão, de acordo com o governo local. Já o equipamento de choque inclui escudos, capacetes, cassetetes e “outras engrenagens não letais que aumentarão ainda mais a capacidade de a polícia das Ilhas Salomão enfrentar ameaças futuras”, diz um comunicado do governo local.
Dezenas de prédios foram queimados no bairro de Chinatown de Honiara, a capital do país, e lojas foram saqueadas em meio à violenta manifestação popular, após Sogavare se recusar a negociar com os opositores. O premiê culpou “agentes de Taiwan” na província de Malaita pelos protestos. O país asiático, que luta pela independência da China, negou oficialmente qualquer envolvimento nos distúrbios.
Papua Nova Guiné, Nova Zelândia, Fiji e Austrália, países vizinhos, além de EUA, Índia e Japão, já haviam enviado serviços e equipamento de apoio às Ilhas Salomão, numa tentativa de conter a expansão da influência chinesa na região.
Cerca de 200 policiais e soldados da Austrália, Nova Zelândia, Fiji e Papua Nova Guiné chegaram à capital Honiara poucos dias após os distúrbios. A Austrália tem um acordo bilateral de segurança com as Ilhas Salomão, e a polícia australiana já havia sido enviada ao país em 2003 como parte de uma missão regional de manutenção da paz, tendo permanecido lá por uma década.
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Por que isso importa?
Na opinião de analistas, a agitação salomonense tem “raízes profundas”. Entre as causas do levante popular estão questões que envolvem tensões étnicas históricas, corrupção e o movimento do governo para estreitar laços com Beijing. Há três anos, as Ilhas Salomão trocaram a aliança diplomática com Taiwan por uma com a China.
Para James Batley, um ex-alto comissário australiano para as Ilhas Salomão e especialista para assuntos sobre Ásia-Pacífico da Universidade Nacional Australiana, o desagrado da população em relação à aproximação com a China serviu como gatilho para o momento de desordem.
“Não é política externa em si, mas acho que essa mudança diplomática alimentou as queixas pré-existentes e, em particular, a sensação de que os chineses interferiram na política nas Ilhas Salomão, que o dinheiro chinês de alguma forma fomentou a corrupção, distorceu a forma como a política funciona nas Ilhas Salomão”, disse Batley.
A relação comercial com a China é considerada particularmente predatória pela população local. Mais da metade de todos os frutos do mar, madeira e minerais extraídos do Pacífico em 2019 foi para a China. A estimativa é de que esse processo tenha movimentado US$ 3,3 bilhões, apontou uma análise de dados comerciais do jornal britânico The Guardian.
Para alimentar e gerenciar a população de quase 1,4 bilhão de habitantes, a China tirou do Pacífico mais recursos do que os dez países da região juntos. Nas Ilhas Salomão e em Papua Nova Guiné, por exemplo, mais de 90% do total de madeira exportada foi para os chineses.
Os dados não levam em consideração as exportações ilícitas. Nas Ilhas Salomão, por exemplo, pelo menos 70% das toras são exportadas de madeira ilegal. A falta de leis na China contra esse tipo de importação absorvem o envio devido à alta demanda e proximidade com a região.
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