As negociações em andamento para colocar o acordo nuclear com o Irã de volta aos trilhos indicam que “esforço e paciência adicionais” são necessários para sua restauração completa. A constatação é de Rosemary DiCarlo, chefe de assuntos políticos da ONU (Organização das Nações Unidas), que falou ao Conselho de Segurança na terça-feira (14).
DiCarlo informou aos embaixadores sobre os desenvolvimentos em torno do Plano de Ação Global Conjunto (JCPOA), que estabelece regras para o monitoramento internacional do programa nuclear do Irã. O acordo foi assinado em 2015 ao lado da China, França, Rússia, Reino Unido e Estados Unidos, juntamente com a Alemanha e a União Europeia (UE).
Atualmente, negociações estão em andamento em Viena para reviver o acordo, depois que os EUA se retiraram em 2018 sob o governo Trump. “Nos últimos dias, tanto o Irã quanto os Estados Unidos reafirmaram sua seriedade em buscar o retorno à plena implementação do JCPOA”, disse DiCarlo ao Conselho. “O secretário-geral é encorajado por essas promessas e pede a ambos os países que traduzam rapidamente esses compromissos em um acordo mutuamente aceitável”.
DiCarlo lembrou que o JCPOA é amplamente considerado a pedra angular da não proliferação nuclear e um exemplo do que o diálogo e a diplomacia podem alcançar. Uma resolução do Conselho de Segurança endossa o acordo e garante que a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) terá acesso regular ao programa nuclear iraniano.
“O secretário-geral espera que, em suas negociações atuais, os Estados Unidos e a República Islâmica do Irã mobilizem o mesmo espírito e compromisso que resultou no JCPOA. Simplesmente não há alternativa viável para a implementação plena e efetiva do Plano e da resolução”, enfatizou ela.
Sanções norte-americanas
No discurso, a representante da ONU também apelou aos EUA que suspendam ou renunciem às sanções contra o Irã, conforme descrito no plano, e estendam as isenções em relação ao comércio de petróleo com o país.
“Também é importante a extensão das isenções dos EUA em relação a certas atividades civis relacionadas com a energia nuclear que ocorrem na Usina Nuclear de Bushehr, na Instalação de Fordow e no reator de Arak”, afirmou. “Extensões de isenção também são necessárias para a transferência de urânio enriquecido para fora da República Islâmica do Irã em troca de urânio natural”.
Dirigindo-se ao Irã, a funcionária da ONU pediu “que reverta as medidas que tomou que não são consistentes com seus compromissos nucleares sob o Plano”. Isso porque, segundo a AIEA, as atividades de pesquisa e desenvolvimento relacionadas à produção de urânio metálico continuam. Além disso, embora a agência não tem sido capaz de verificar o estoque de urânio enriquecido do Irã, e as estimativas indicam que mais material nuclear foi acumulado em limites que excedem o acordo.
A AIEA também relatou que suas atividades de verificação e monitoramento foram “seriamente prejudicadas” pela decisão do Irã de interromper a implementação de seus compromissos relacionados com a questão nuclear, enquanto a “continuidade do conhecimento” sobre suas atividades nucleares também foi prejudicada.
No mais, DiCarlo destacou a preocupação de vários países em torno do lançamento de um míssil balístico em maio e dois testes de veículos lançadores espaciais pelo Irã um mês depois. Segundo ela, destroços de seis mísseis balísticos, um míssil de cruzeiro e vários veículos aéreos desarmados (UAVs) usados em ataques contra a Arábia Saudita foram examinados. Autoridades sauditas acreditam que as armas foram transferidas para um caça Houthi no Iêmen.
Da mesma forma, os destroços de um suposto UAV iraniano que entraram no espaço aéreo israelense pela Jordânia também foram examinados. Autoridades israelenses acreditam que o UAV foi lançado do Iraque ou da Síria.
Conteúdo adaptado do material publicado originalmente em inglês pela ONU News
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