O embaixador do Canadá na China, Dominic Barton, deixará o cargo no fim do ano, segundo comunicado do primeiro-ministro Justin Trudeau. Na função desde 2019, ele enfrentou dois anos ambíguos, em que foi tanto elogiado por ajudar a garantir a libertação de dois canadenses da custódia chinesa quanto sofreu críticas por estabelecer fortes laços comerciais com Beijing. As informações são da rede Bloomberg.
A saída de Barton ocorre semanas após a resolução de desavenças diplomáticas entre as nações em consequência dos casos de Michael Spavor e Michael Kovrig, cidadãos canadenses detidos por quase três anos na China logo após a prisão de Meng Wanzhou, executiva da Huawei acusada pelos EUA de espionagem industrial.
“Com muita gratidão e respeito, aceitei a decisão do Embaixador Barton de deixar seu posto em Beijing no final do ano. Nos últimos dois anos, Dominic liderou nossa equipe na China com determinação, integridade e compaixão, e em um momento em que as relações entre nossos dois países enfrentavam desafios difíceis”,
detalhou Trudeau no comunicado oficial.Foi no mandato de Barton que as duas nações viveram seus dias mais turbulentos em décadas em razão das prisões. Por quase três anos, Meng – a diretora financeira da Huawei – lutou contra a extradição para os Estados Unidos sob acusações de fraude em um caso de sanções contra o Irã.
No entanto, Barton, que trazia no currículo o cargo de alto executivo da consultoria global McKinsey and Co., não foi poupados de críticas por estreitar laços comerciais com a China, apesar da tendência cada vez mais autoritária de Beijing.
Por que isso importa?
A detenção de Spavor, em dezembro de 2018, ocorreu poucos dias depois de o Canadá ter prendido Wanzhou, devido a um mandado de prisão internacional expedido pelos Estados Unidos. Ela era acusada de enganar um banco sobre o relacionamento da empresa com uma companhia do Irã sancionada pelos EUA.
Kovrig foi preso um pouco depois, acusado do mesmo crime que o compatriota, em casos que o governo canadense sempre tratou como mera retaliação pela detenção da executiva.
Há, ainda, um terceiro caso supostamente associado à complicada teia de eventos diplomáticos entre Canadá, EUA e China. É o do canadense Robert Lloyd Schellenberg, que no dia 10 de agosto teve confirmada a pena de morte por tráfico internacional de drogas. Ele é acusado de traficar cerca de 220 quilos de metanfetamina.
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