Em coletiva de imprensa nesta segunda-feira, em Doha (6), o ministro das Relações Exteriores do Catar reforçou o discurso de comprometimento do país no auxílio ao trabalho humanitário e na reconstrução econômica do Afeganistão. O emirado anunciou que contará com o apoio da Turquia, parceiro forte e estratégico em questões políticas, econômicas e militares. As informações são da agência catari Al Jazeera.
Mohammad bin Abdulrahman al Thani, que também atua como vice-primeiro-ministro, afirmou que sua nação, ao lado de autoridades turcas e do Taleban, retomará a normalidade das operações no aeroporto internacional de Cabul, local de desastres humanitários após a tomada do poder pela organização islâmica em agosto após a retirada das tropas dos EUA e aliados.
Junto de Thani estava o chanceler turco Mevlut Cavusoglu, em visita ao país para participar do evento anual Diálogo Estratégico Qatar-Turquia, que chegou à sétima edição em 2021.
A autoridade turca declarou que seu país quer auxiliar na promoção da “paz e estabilidade” no Afeganistão, enquanto estimula a comunidade internacional a abrir diálogo com os talibãs, sugerindo “diferenciar” e o lado político e o humanitário das coisas.
“Isso é o que temos feito, pois os afegãos precisam urgentemente de assistência humanitária”, disse ele, que acrescentou: “a Turquia está cooperando com o Catar para oferecer ajuda humanitária e garantir que o aeroporto de Cabul permaneça aberto”.
Conflitos regionais
Também nesta segunda (6), as duas autoridades reafirmaram a sintonia entre as nações, declarando que diversas questões regionais e internacionais foram revisadas, com o estabelecimento de novas medidas que esperam cimentar ainda mais as relações. Entre as pautas regionais abordadas o conflito na Líbia, onde Catar e Turquia manifestaram apoio ao governo reconhecido pela ONU (Organização das Nações Unidas) no oeste do país.
Outro assunto espinhoso foi a guerra na Síria, com o consenso dos ministros de que urge uma “solução política” antes que o governo do presidente sírio, Bashar al-Assad, possa ser convidado para ingressar na Liga Árabe.
“Não há sentido em normalizar os laços com a Síria sem primeiro tomar medidas sérias em direção a uma solução política”, disse o xeque Mohammed.
Por que isso importa?
Desde que assumiu o poder, no dia 15 de agosto, o Taleban busca reconhecimento internacional como governo de fato do que chama de “Emirado Islâmico“. O grupo chegou a se reunir com autoridades da ONU (Organização das Nações Unidas) a fim de garantir que a assistência humanitária seja mantida no país.
Entretanto, as acusações de abusos dos direitos humanos e de repressão, sobretudo contra as mulheres, afastam cada vez mais o governo talibã da comunidade internacional. Tanto que, até agora, nenhuma nação reconheceu formalmente o Taleban como poder legítimo no país, apesar da aproximação com países como China e Paquistão.
Mais do que legitimar os talibãs internacionalmente, o reconhecimento é crucial para fortalecer financeiramente um país pobre e sem perspectivas imediatas de gerar riqueza. Inclusive, os Estados Unidos, o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI) cortaram o acesso de Cabul a mais de US$ 9,5 bilhões em empréstimos, fundos e ativos, sem qualquer previsão de retirada das sanções que bloquearam o dinheiro fundamental para reerguer o país.
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