Após realizar exercícios militares nas proximidades da fronteira com a Ucrânia, a Rússia decidiu manter suas tropas estacionadas na região. O destacamento agora chega a 90 mil soldados, conforme informações do Ministério de Defesa ucraniano reproduzidas pela agência catari Al Jazeera.
Na segunda-feira (1°), fotos de satélite divulgadas pela agência de notícias Politico mostraram uma concentração de veículos blindados, tanques e artilharia autopropulsada, além da presença de tropas numa área próxima à cidade russa de Yelnya, nos arredores da fronteira com Belarus. Ao fim do treinamento, unidades do 41º Exército foram mantidas no local, a cerca de 260 quilômetros da fronteira ucraniana.
Inicialmente, Kiev negou as informações de que a Rússia estivesse acumulando força militar na região. E argumentou que não havia observado aumento de contingente ou armamentos, contrariando imagens obtidas pela empresa de tecnologia espacial Maxar Technologies que indicavam a presença de cerca de mil veículos militares.
No dia seguinte, porém, o discurso do Ministério de Defesa ucraniano mudou. “Deve-se notar que a Federação Russa recorreu periodicamente à prática de transferência e acumulação de unidades militares para manter as tensões na região e a pressão política sobre os estados vizinhos”, disse em nota o órgão governamental, segundo a agência Reuters.
Aliados de Kiev, os Estados Unidos afirmaram que estão monitorando a crescente movimentação militar russa ao longo da fronteira com a Ucrânia. Porém, Washington não arrisca fazer uma análise precoce sobre algum potencial risco ou situação “abertamente agressiva”. “Já vimos isso antes. O que isso significa? Não sabemos ainda, é muito cedo para dizer”, ponderou nesta quarta-feira (3) o chefe do Estado-Maior Conjunto, General Mark Milley.
O Kremlin rejeitou as declarações e declarou na quarta (3) que a Rússia “mantém uma presença militar em seu território quando necessário”.
Por que isso importa?
A tensão entre Ucrânia e Rússia explodiu com a anexação da Crimeia por Moscou. Tudo começou no final de 2013, quando o então presidente da Ucrânia, o pró-Kremlin Viktor Yanukovych, se recusou a assinar um acordo que estreitaria as relações do país com a União Europeia (UE). A decisão levou a protestos em massa que culminaram com a fuga de Yanukovych para Moscou em fevereiro de 2014.
Após a fuga do presidente, grupos pró-Moscou aproveitaram o vazio no governo nacional para assumir o comando da península e declarar sua independência. Então, em março de 2014, as autoridades locais realizaram um referendo sobre a “reunificação” da Crimeia com a Rússia. A aprovação foi superior a 90%.
Após o referendo, considerado ilegal pela ONU (Organização das Nações Unidas), a Crimeia passou a se considerar território da Rússia. Entre outros, adotou o rublo russo como moeda e mudou o código dos telefones para o da Rússia.
O governo russo também apoia os separatistas ucranianos que enfrentam as forças de Kiev na região leste da Ucrânia desde abril de 2014. O conflito armado, que já matou mais de dez mil pessoas, opõe as forças separatistas das autodeclaradas Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, com suporte militar russo, ao governo ucraniano.
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