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quarta-feira, 10 de novembro de 2021

China se isenta e diz que combate às missões cabe aos ‘países desenvolvidos’

No sábado (6), o presidente da China, Xi Jinping, declarou por videochamada à cúpula dos líderes do G-20, em Roma, que os “países desenvolvidos” devem liderar a luta para reduzir as emissões globais de gases de efeito estufa, dando a entender que seu país não faz parte do grupo e deve sofrer menos cobranças no combate ao aquecimento global.

A fala do líder surge em um momento em que o país, juntamente de Índia e Rússia, é acusado de emperrar o progresso de um acordo climático, informa o jornal South China Morning Post.

“Os países desenvolvidos devem dar o exemplo na questão da redução de emissões, acomodar totalmente as dificuldades e preocupações especiais das nações emergentes, implementar compromissos de financiamento climático e fornecer apoio aos países em desenvolvimento em termos de tecnologia e capacitação”, disse Xi.

Apesar do crescimento acelerado, que deu ao país o status de segunda maior economia do mundo, os critérios de renda per capita da ONU (Organização das Nações Unidas) ainda colocam a China como nação “em desenvolvimento”. Paralelamente, é quem tem as maiores emissões de carbono do planeta.

Cidade Proibida em dia de intensa poluição (Foto: WikiCommons)

Nenhum país no mundo emite mais gases de efeito estufa que a China. Nem todas as nações juntas poluem mais que os chineses, segundo estudo do Grupo Rhodium divulgado em maio deste ano e reproduzido pela rede Bloomberg.

O documento do grupo de pesquisa climática com sede em Nova York acendeu a luz de alerta no planeta: o aumento de emissões de seis gases retentores de calor jogados na atmosfera pela China, incluindo dióxido de carbono, metano e óxido nitroso, saltou para 14,09 bilhões de toneladas de CO2 equivalente em 2019, ultrapassando o total de membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em cerca de 30 milhões de toneladas.

O crescimento vertiginoso das emissões do país asiático está de acordo com o que disse Xi Jinping, que confirmou que o país atingirá o pico de emissões até 2030 e, a partir de então, começará a cair até atingir a neutralidade em 2060. A China foi responsável por 27% de tudo que foi registrado em escala global. Os EUA, segundo maior emissor, contribuíram com 11%, enquanto a Índia, pela primeira vez no pódio dos poluentes, ultrapassou a União Europeia (UE), que com seus 27 países soma 6,6% das emissões dos gases tóxicos.

Expectativas baixas

Em conversa com

Xi Jinping, o primeiro-ministro britânico Boris Johnson disse que não conseguiu convencer o líder chinês a se comprometer a antecipar o pico de emissões da China em cinco anos, de acordo com o jornal britânico The Times. “Eu empurrei um pouco isso – 2025 seria melhor do que 2030. Mas eu não diria que ele se comprometeu com isso”, disse Johnson, referindo-se a um telefonema que manteve com Xi na sexta antes de chegar em Roma na sexta (6).

As expectativas de grande progresso na questão climática tratada nas sucessivas cúpulas dos líderes do G20 e da COP26 já se dissiparam. Austrália, Índia e China, por sua vez, são considerados os últimos remanescentes nas negociações para a eliminação progressiva do uso do carvão – principal fonte de geração de energia dos indianos, que

enfrentam uma crise energética em razão da redução dos estoques.

“Nossa política é muito clara: não estamos envolvidos nesse tipo de mandatos e proibições, essa não é a política do governo australiano, não será a política do governo australiano”, disse o primeiro-ministro do país Scott Morrison a repórteres que viajavam com ele de Canberra.

Xi não está em Roma para a cúpula. Em seu lugar viajou o ministro das Relações Exteriores, Wang Yi. Ele esteve em reunião bilateral com o ministro das Relações Exteriores da Itália, Luigi Di Maio. Na sexta-feira, Wang disse que, “embora a China “ainda não tenha concluído sua industrialização, estabeleceu metas de pico de carbono e neutralidade de carbono para realizar a redução de emissões mais difícil e intensiva do mundo até a presente data”.

De acordo com Wang, isso “demonstra a determinação do país em enfrentar as mudanças climáticas”, informou um comunicado divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores da China.

Por que isso importa?

No ano passado, a emissão de gases de efeito estufa no planeta atingiu um novo recorde, superando a média do período entre 2011 e 2020. E a tendência de alta continua em 2021, de acordo com um novo relatório publicado em outubro pela OMM (Organização Meteorológica Mundial), a agência meteorológica da ONU (Organização das Nações Unidas).

O Boletim de Gases de Efeito Estufa da OMM trazia uma “mensagem científica radical” para as negociações sobre mudanças climáticas discutidas durante conferência climática global, a COP26, que encerra nesta sexta-feira (12) em Glasgow.

A concentração de dióxido de carbono (CO2) em 2020 foi de 149% acima do nível pré-industrial; metano, 262%; e óxido nitroso, 123%. A base de comparação é o ano 1750, quando as atividades humanas começaram a alterar o equilíbrio natural da Terra.



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