A ex-ministra das Finanças da Nigéria Ngozi Okonjo-Iweala foi escolhida por unanimidade nesta segunda (15) como a nova chefe da OMC (Organização Mundial do Comércio). A cúpula confirmou a decisão às 12h, no horário de Brasília.
A nomeação é histórica: Okonjo-Iweala é a primeira mulher e a primeira africana a ocupar o cargo. Não é sua vez como pioneira. A economista foi a primeira mulher a comandar o ministério de Finanças da Nigéria, onde passou por duas gestões – entre 2003 e 2006 e 2011 e 2015.
Ela também abriu caminho para outras líderes no ministério de Relações Exteriores nigeriano, após passagem de apenas dois meses, em 2006. Aos 66 anos, Okonjo-Iweala afirma ser uma “executora” com experiência em enfrentar problemas “intratáveis”, como definiu à Reuters.
Filha de acadêmicos, Okonjo-Iweala estudou Economia do Desenvolvimento em Harvard depois de enfrentar a guerra civil na Nigéria, entre 1967 e 1970, ainda adolescente.
Mãe de quatro filhos, a economista tem uma reputação de trabalho árduo e modéstia por seu serviço na política nigeriana. Sua postura lhe consagrou como o principal rosto da pauta anticorrupção na Nigéria.
Sua mãe, já idosa, chegou a ser sequestrada na região do Delta do Níger, após a economista capitanear medidas contra os desvios de dinheiro no país. À época, Okonjo-Iweala se recusou a ceder nas propostas de reforma na governança do importante setor de petróleo.
Sua habilidade em negociação rendeu à Nigéria um acordo para cancelar bilhões de dólares em dívida com o Clube de Paris, que reúne nações credoras, em 2005. Além de integrar o governo, a líder supervisionou uma carteira de US$ 81 bilhões do Banco Mundial por 25 anos.
Apoiada pela UE (União Europeia) na disputa pelo cargo, Okonjo-Iweala é hoje a diretora da Aliança de Vacinas Gavi. A entidade é responsável pelo consórcio Covax, que distribuirá imunizantes contra a Covid-19 para países de baixa renda com auxílio da OMS (Organização Mundial da Saúde).
A nomeação
O nome de Ngozi Okonjo-Iweala estava entre os oito cotados para substituir o brasileiro Roberto Azevêdo, que deixou o cargo em agosto de 2020, um ano antes do final previsto do mandato.
Em sua candidatura, a economista defendeu a capacidade do comércio de diminuir a pobreza e rejeitou as alegações de que não teria “experiência” suficiente para atuar como chefe do principal mecanismo de arbitragem para disputas comerciais entre nações.
“Para liderar a OMC não são necessárias apenas as habilidades técnicas, mas ousadia e coragem”, disse a nigeriana à agência France24. Mesmo favorita, teve dificuldades no processo de nomeação durante o governo de Donald Trump, que apoiava a sul-coreana Yoo Myung-hee.
O endosso do novo presidente, Joe Biden, eliminou o último obstáculo para conduzir Okonjo-Iweala ao posto. Para eleger um novo chefe, a OMC exige consenso de seus 164 membros. A posse no cargo ainda não tem data definida.
Desafios à frente da OMC
Okonjo-Iweala assume uma OMC com relevância em baixa em meio ao duelo de potências entre China e EUA. Com poder formal limitado, a economista deverá responder à pressão por reformas nas regras comerciais em meio ao caos gerado pela pandemia.
Outro desafio será superar a paralisação da OMC desde que os EUA bloquearam as nomeações ao principal órgão de apelação da entidade, responsável por arbitrar as disputas comerciais.
A economista também terá de dar conta de negociações multilaterais atrasadas, de prazo até o final de 2020. “Sinto que posso resolver os problemas. Eu sou conhecida por ser reformista, não alguém que só fala”, disse. “Eu realmente consegui”.
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