Com o surgimento de uma quarta onda de Covid-19 e os temores quanto à nova variante Ômicron, identificada na África do Sul, além dos estragos já causados pela Delta, a necessidade de os países adotarem novamente medidas firmes para conter o recrudescimento da pandemia já é uma realidade. O desafio global é controlar a insatisfação de pessoas cansadas do vai e vem de restrições, segundo informações da agência Associated Press.
Na Grécia, a população acima dos 60 anos – 17% desse grupo não recebeu suas doses – que recusa tomar o imunizante poderá ter multas mensais aplicadas que correspondem a mais de um quarto de suas aposentadorias. No entendimento das autoridades, tal política custará votos, mas irá proteger vidas.
Em Israel, que não sofre com a rejeição às doses e é um dos países com maior taxa de vacinação contra o coronavírus do mundo, os potenciais infectados pela variante Ômicron poderão ter celulares rastreados pela agência de segurança interna do país, a Shin Bet.
Na Holanda, que tem crescimento vertiginoso de casos, protestos contra o lockdown e o passaporte vacinal evoluíram para atos de violência. O país estabeleceu toque de recolher na semana passada, e, diante de patrulhas policiais para dar cabo às manifestações, a maioria da população agora parece resignada a aceitar as medidas e ficar em casa.
Beijing, até o momento, alega que não vê necessidade de mais restrições em resposta à nova variante. Segundo o chefe da unidade de Epidemiologia do Centro de Controle de Doenças da China, Wu Zunyou, a Ômicron, por enquanto, representa uma ameaça administrável e “não importa qual variante, nossas medidas de saúde pública são eficazes”.
Na América Latina, o Chile posicionou-se com rigor diante da ameaça da Ômicron: pessoas acima de 18 anos devem receber uma dose de reforço a cada seis meses para validar o passaporte que permite o acesso a restaurantes, hotéis e eventos públicos.
Na África do Sul, que em outros momentos da pandemia estabeleceu toque de recolher e a proibição da venda de bebidas alcoólicas, agora, a determinação do presidente Cyril Ramaphosa é a de que os cidadãos tomem vacinas “para ajudar a restaurar a liberdade social que todos ansiamos”.
Frustração
Diante de uma crise sem precedentes, do aumento das diferenças sociais e, no meio políticod, o temor de perder o cargo, o sentimento geral é de esgotamento das forças.
“Eu sei a frustração que todos nós sentimos com esta variante do ômicron, a sensação de exaustão por podermos passar por tudo isso de novo”, disse o primeiro-ministro britânico Boris Johnson na terça-feira (30).
A declaração de Johnson veio dois dias após o governo anunciar que o uso de máscaras voltaria a ser obrigatório no comércio e no transporte público, além da exigência de teste de Covid-19 e quarentena aos vistantes. “Estamos tentando adotar uma abordagem equilibrada e proporcionada”, justificou o político.
Sonho de liberdade
Em meio a um cenário de retomada de protocolos sanitários em todo o continente, os governantes têm que se esforçar para fortalecer o discurso que já ressoa na cabeça da população como uma promessa que não foi cumprida: a de que a vacinação em massa traria a liberdade de volta.
“As pessoas precisam de normalidade. Eles precisam de famílias, precisam ver as pessoas, obviamente com segurança, distanciando-se socialmente, mas eu realmente acho, neste Natal agora, as pessoas se cansaram”, disse Belinda Storey, uma comerciante de Nottingham, na Inglaterra.
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