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quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

Combinação mortal de fatores aumentou o deslocamento de pessoas, segundo a ONU

Conflitos armados, mudanças climáticas e a pandemia de Covid-19. A combinação desses fatores, concomitantemente, criou a “tempestade perfeita”, um cenário terrível para refugiados, deslocados e seus anfitriões, bem como para as equipes humanitárias que atuam na contenção do problema. A constatação é do alto comissário da ONU (Organização das Nações Unidas) para os refugiados, Filippo Grandi, que falou ao Conselho de Segurança na terça-feira (7).

Segundo Grandi, essa combinação mortal intensificou o deslocamento forçado no mundo e aumentou as dificuldades para deslocados e refugiados, deixando claro que a emergência climática deve ser encarada como prioridade também pelo Conselho de Segurança.

Deslocados da República Democrática do Congo na província de Tanganyika, outubro de 2020 (Foto: Unicef/Olivia Acland)

Afeganistão

Dos 39 milhões de pessoas que vivem no Afeganistão, 23 milhões enfrentam níveis extremos de fome, enquanto 3,5 milhões foram deslocados pelo conflito. São 700 deslocamentos somente neste ano.

Na visão de Grandi, a politização do trabalho humanitário e da questão dos refugiados é o grande erro dos órgãos internacionais, sendo que em muitos casos os esforços humanitários estão paralisados ​​por agendas políticas conflitantes. Ele citou os casos que presenciou no Afeganistão, da ação de agentes humanitários que precisam lidar com uma média de 60 deslocamentos internos a cada semana.

Embora reconhecendo a necessidade de um equilíbrio delicado, Grandi expressou sua preocupação de que o lento progresso está provocando um aumento nos afegãos que tentam deixar o país, em meio a uma crise que tende a se agravar durante o inverno. E destacou que ajuda humanitária “não pode replicar o papel dos Estados”, salvar economias ou substituir soluções políticas.

Síria e Etiópia

Outro palco em que a situação humanitária tem piorado é a Síria, em função do conflito, da falta de recursos e do lento colapso do vizinho Líbano. Durante a visita ao país, em outubro, Grandi lembrou das crescentes filas para conseguir pão e combustível e a falta de serviços e meios de subsistência, especialmente fora da capital, Damasco.

Na Etiópia, que convive com um conflito armado cada vez mais próximo da capital Adis Abeba, a Acnur, agência de refugiados da ONU, tem lutado para entregar ajuda às populações em Tigré, Afar, Amhara e outros pontos críticos, enquanto os combates criam algumas das “piores condições humanitárias possíveis” para a operação humanitária.

Enquanto isso, as mediações políticas fracassadas deixaram 20 milhões de pessoas necessitadas e quatro milhões de deslocados, com os agentes humanitários lutando para alcançar pessoas de forma errática, inadequada e perigosa, ao mesmo tempo em que são injustamente acusados ​​de tomar partido de um dos lados do conflito.

Embora o deslocamento forçado continue a ser causado principalmente por conflitos e crises, o alto comissário disse entender a complexidade de encontrar soluções políticas para as questões de entrega de ajuda humanitária. No entanto, alega que a resposta é cada vez mais cara, observando que no próximo ano as necessidades humanitárias ultrapassarão US$ 41 bilhões.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente em inglês pela ONU News

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