O governo da Nigéria afirmou na quinta-feira (11) que mais de 15 mil combatentes do grupo extremista Boko Haram se entregaram às autoridades do país nos últimos meses. A afirmação foi feita pelo conselheiro de segurança nacional Babagana Mongono, durante o Fórum de Parceria Internacional da Nigéria realizado em Paris. As informações são do jornal local The Guardian.
“Nos últimos meses, houve uma rendição em massa interminável de terroristas e seus simpatizantes na parte nordeste da Nigéria. Ultimamente, mais de 15 mil pessoas foram recebidas”, disse Mongono, sem especificar o período ao qual se refere esse número.
Entretanto, Mongono deixou claro que o problema com grupos jihadistas está longe de ser solucionado na região. Ele destacou, além da violência que persiste no nordeste do país, outros desafios para as forças de segurança nacionais, como o crime organizado transnacional, o fluxo financeiro ilícito, a lavagem de dinheiro e o tráfico de armas.
“Embora o fluxo financeiro ilícito seja uma preocupação séria devido à ligação com o terrorismo e outros crimes transnacionais, a proliferação de SALW (armas pequena e leves, da sigla em inglês) tem sido um grande desafio, facilitado pela porosidade das fronteiras”, afirmou o conselheiro.
No discurso, Mongono ainda citou a colaboração regional com países vizinhos como fundamental para o combate aos grupos extremistas, tanto o Boko Haram quanto o ISWAP (Estado Islâmico da África Ocidental). Ele destacou Níger, Chade e Camarões, que junto da Nigéria formam a Força-Tarefa Conjunta Multinacional (MNJTF) na Bacia do Lago Chade.
Por que isso importa?
Terroristas do Boko Haram lutam para criar um califado islâmico no nordeste nigeriano. A ação já se espalhou para países vizinhos como Camarões, Chade, Níger e Benin, com assassinatos regulares, queima de mesquitas, igrejas, mercados e escolas e ataques a instalações militares.
Ultimamente, porém, o grupo passou a colecionar derrotas. Em junho deste ano, militantes do Boko Haram gravaram um vídeo no qual confirmaram a morte de Abubakar Shekau, seu notório ex-comandante.
Shekau morreu no dia 19 de maio, em um confronto com jihadistas do ISWAP na floresta de Sambisa, no nordeste da Nigéria. “Shekau detonou uma bomba e se matou”, disse um militar nigeriano, em áudio ouvido pelo “Wall Street Journal” à época.
Formado por dissidentes do Boko Haram, o ISWAP se afastou de Shekau em 2016 e passou a se concentrar em alvos militares e ataques de alto perfil, inclusive trabalhadores humanitários. Depois da morte de Shekau, informações não confirmadas oficialmente sugerem que houve uma aproximação entre os dois grupos.
O Programa de Desenvolvimento da ONU (Organização das Nações Unidas) estima que o conflito entre jihadistas e militares na Nigéria resultou em mais de 30 mil mortes diretas, além de outras mais de 300 mil mortes por causas indiretas.
No Brasil
Casos mostram que o país é um “porto seguro” para extremistas. Em dezembro de 2013, um levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino.
Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos.
Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram. Saiba mais.
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