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sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

Teste de míssil hipersônico pela China ‘aumenta tensões na região’, dizem EUA

Os Estados Unidos não receberam nada bem as informações de que a China teria testado com sucesso, em agosto, um novo míssil hipersônico com capacidade nuclear, como reportou inicialmente o jornal Financial Times. Nas palavras do secretário de Defesa Lloyd Austin, o novo armamento ajuda a “aumentar as tensões na região”, segundo a agência catari Al Jazeera.

“Estamos preocupados com as capacidades militares que a RPC (República Popular da China) continua a perseguir. Mais uma vez, a busca por essas capacidades aumenta as tensões na região”, disse Austin durante um encontro anual com lideranças da Coreia do Sul, no qual foi debatida a ameaça que representa para a região tanto a China quanto a Coreia do Norte e seus aliados.

Austin aproveitou para reforçar a aliança com inimigos chineses, mensagem que pareceu endereçada a Taiwan. “Continuaremos a manter as capacidades de defesa e dissuasão contra uma série de ameaças potenciais da RPC a nós mesmos e aos nossos aliados”.

O míssil teria sido lançado ao espaço e contornado o globo terrestre antes de acelerar em direção ao alvo. Pessoas familiarizadas com a operação afirmam que a tecnologia coloca a China bem à frente dos EUA no que tange a armamentos hipersônicos, mesmo que o míssil tenha errado o alvo por cerca de cerca de 40 quilômetros. Beijing nega a informação e diz que os testes envolviam um veículo espacial reutilizável.

Sistema de lançamento de mísseis de longa distância do exército chinês (Foto: eng.chinamil.com.cn/Liu Hengwu)

No encontro Washington e seul também debateram a questão da Coreia do Norte, que igualmente tem realizado testes militares. Apesar de concordarem que a beligerância de Pyongyang “cada vez mais desestabiliza a segurança regional”, ambos adotaram yum tome menos assertivo e disseram que a diplomacia é a prioridade no trato com o regime de Kim Jong-un.

Suh Wook, ministro de defesa sul-coreano, disse que os aliados compartilham o entendimento de que “a diplomacia e o diálogo baseados em compromissos anteriores entre as Coreias do Sul e do Norte, bem como entre Coreia do Norte e Estados Unidos, são essenciais para alcançar a paz permanente na Península Coreana”.

Em setembro, a Coreia do Norte afirmou ter testado com sucesso um míssil hipersônico chamado Hwasong-8, que a mídia estatal local classificou como “um dos cinco mais importantes” novos sistemas de armas estabelecidos em seu plano de desenvolvimento militar de cinco anos.

Por que isso importa?

O fortalecimento militar chinês gera preocupação entre os norte-americanos e é assunto de interesse global devido à questão de Taiwan. Recentemente, um oficial de defesa dos EUA que prefere não se identificar afirmou que o crescimento do arsenal chinês pode forçar a ilha a abandonar suas aspirações de soberania e definitivamente se colocar sob o domínio do Partido Comunista Chinês (PCC). Como os EUA são o principal aliado militar de Taiwan, uma ação de Beijing nesse sentido poderia desencadear um conflito entre as duas superpotências.

Em caso de guerra, a supremacia militar dos EUA não é uma garantia, considerando o alto investimento da China no setor. Analistas e líderes militares ouvidos pela rede norte-americana Voice of America (VOA) afirmam inclusive que Beijing pode superar os Estados Unidos como mais poderosa força aérea do mundo na próxima década.

Em setembro, durante uma conferência militar, o general Charles Brown Jr., chefe do Estado-Maior da força aérea norte-americana, qualificou o exército chinês como detentor das “maiores forças de aviação do Pacífico”. E disse que o posto foi alcançado “debaixo de nosso nariz”, sem uma resposta à altura. Mais: ele projetou que a China pode assumir a supremacia aérea militar global em 2035.

No mesmo evento, o tenente-general S. Clinton Hinote manifestou opinião semelhante e advertiu que os EUA não acompanham os avanços da China. “Em algumas áreas importantes, estamos atrasados. E falo ‘nesta noite’. Esse não é um problema de amanhã. É de hoje”. Posteriormente, em conversa privada com jornalistas, reforçou a opinião de que os chineses já igualaram os avanços tecnológicos norte-americanos no setor.

arsenal nuclear da China também tem aumentado num ritmo muito maior que o imaginado anteriormente, levando a nação asiática a reduzir a desvantagem em relação aos Estados Unidos nessa área. Relatório recente do Pentágono sugere que Beijing pode atingir a marca de 700 ogivas nucleares ativas até 2027, tendo a meta de mil ogivas até 2030.

Por ora, o poder de fogo nuclear da China não se compara ao dos Estados Unidos, que têm cerca de 3,8 mil ogivas e não planejam ampliá-lo. Na verdade, o arsenal norte-americano foi drasticamente reduzido nos últimos anos, considerando que em 2003 eram cerca de 10 mil dispositivos ativos. Porém, se mantiver o projeto de longo prazo, a China planeja igualar ou mesmo superar tais números até 2049.

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