As mudanças climáticas representam uma ameaça cada vez maior aos países do sudoeste do Oceano Pacífico. Um relatório publicado na quarta-feira (10) pela OMM (Organização Meteorológica Mundial) afirma que as nações dessa região, que cobre grande parte do Sudeste Asiático, bem como Austrália, Nova Zelândia e Ilhas do Pacífico, estão sujeitas aos efeitos do aumento da temperatura do mar, a tempestades e a inundações mortais e devastadoras
O relatório e o mapa da história que o acompanha foram lançados na conferência sobre mudanças climáticas da ONU, a COP26 realizada em Glasgow, na Escócia. O documento destaca que está sob ameaça a própria existência de países classificados como Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento (SIDS, na sigla em inglês).
“Este relatório destaca os riscos reais e potenciais associados às mudanças que ocorrem na circulação do oceano, temperatura, acidificação e desoxigenação, bem como a elevação do nível do mar. Os Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento estão cada vez mais vulneráveis a essas mudanças, já que suas rendas estão altamente vinculadas à pesca, à aquicultura e ao turismo”, disse Petteri Taalas, secretário-geral da OMM.
O relatório apresenta um panorama dos indicadores climáticos e seus riscos e impactos na economia, na sociedade e no meio ambiente. Ele detalha as ameaças em terra e no mar.
Segundo a OMM, as temperaturas da superfície do mar e o calor do oceano em partes do sudoeste do Pacífico estão aumentando mais de três vezes acima da taxa média global. As “ondas de calor marinhas” branquearam recifes de coral antes vibrantes e ameaçam os ecossistemas vitais dos quais a região depende.
No ano passado, a região da Grande Barreira de Corais da Austrália sofreu um branqueamento generalizado de corais, a terceira vez nos últimos cinco anos. A OMM alertou que se a temperatura global subir 2º C acima dos níveis pré-industriais, e 90% dos recifes da Grande Barreira e do Triângulo de Coral podem sofrer degradação severa.
Impacto econômico
O aquecimento, a desoxigenação e a acidificação dos oceanos também estão mudando o padrão de circulação e a química do oceano, forçando os peixes e o zooplâncton a migrarem para latitudes mais altas e mudarem seu comportamento, alterando assim a pesca tradicional.
As ilhas do Pacífico foram particularmente afetadas porque a pesca costeira fornece alimentos, bem-estar, cultura e empregos. O relatório constatou que, entre 1990 e 2018, a produção pesqueira total diminuiu em até 75% em Vanuatu e 23% em Tonga.
O nível médio global do mar aumentou a uma taxa média de cerca de 3,3 mm por ano desde o início da década de 1990, como resultado do aquecimento dos oceanos e do derretimento do gelo terrestre.
As taxas de mudança do nível do mar no norte do Oceano Índico e na parte oeste do Oceano Pacífico tropical são substancialmente mais altas do que o aumento médio global, de acordo com o relatório.
A OMM acrescentou que o aumento do nível do mar já tem um grande impacto na sociedade, nas economias e nos ecossistemas nas ilhas do Pacífico, além de aumentar a vulnerabilidade a ciclones tropicais, tempestades e inundações costeiras.
As últimas geleiras tropicais remanescentes entre o Himalaia e os Andes também estão em risco devido às mudanças climáticas. As geleiras, localizadas em Papua Nova Guiné e Indonésia, existem há cerca de 5 mil anos, mas, no ritmo atual, a perda total de gelo é esperada nos próximos cinco anos.
Enquanto isso, tempestades e inundações provocaram mortes, destruição e deslocamento no Sudeste Asiático e nos SIDS. As Filipinas, assim como os SIDS do Pacífico, sofreram muito com tufões e ciclones tropicais, enquanto as secas também são um grande perigo.
A temporada de incêndios florestais sem precedentes de 2019-2020 no leste da Austrália levou a uma severa poluição por fumaça. Mais de 10 milhões de hectares de terra foram queimados e 33 pessoas morreram, junto com milhões de animais, enquanto mais de três mil casas foram destruídas.
O esforço da região para alcançar o desenvolvimento sustentável está em perigo devido aos riscos relacionados ao clima, que devem se tornar mais extremos como resultado das mudanças climáticas.
Entre 2000 e 2019, eventos climáticos extremos, como ciclones tropicais, causaram cerca de 1,5 mil mortes e afetaram cerca de oito milhões de pessoas por ano, em média. Cerca de 500 mortes foram relatadas em 2020, cerca de um terço da média anual de longo prazo, mas mais de 11 milhões de pessoas foram afetadas.
Conteúdo adaptado do material publicado originalmente em inglês pela ONU News
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