Em declaração ao Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), nesta quinta-feira (2), o coordenador político do Reino Unido na entidade, Fergus Eckersley, destacou a importância de usar as vias legais para combater o Estado Islâmico (EI) no Iraque. E citou a pena de morte como uma arma relevante.
“Esperamos ver esforços contínuos para garantir um mecanismo de compartilhamento de evidências que forneça garantias sobre o uso da pena de morte e assegure que o Governo do Iraque possa prosseguir com os processos”, disse Eckersley, que reforçou o apoio do governo britânico ao Unitad, um grupo investigativo formado pelas Nações Unidas com a missão de responsabilizar juridicamente o EI por seus crimes.
“É vital que responsabilizemos coletivamente os perpetradores de crimes de guerra, crimes contra a humanidade e genocídio”, disse o britânico, que destacou o apoio britânico à Justiça iraquiana. “O Reino Unido incentiva outros esforços do Unitad para apoiar as autoridades iraquianas, inclusive por meio de treinamento especializado fornecido aos juízes iraquianos, esforços de capacitação e compartilhamento de evidências em investigações financeiras”.
Particularmente, Eckersley destacou a importância de julgar e condenar os responsáveis pelo massacre na prisão de Badush, em junho de 2014, quando o EI assassinou centenas de prisioneiros xiitas pouco depois de o grupo assumir o controle do país. A ONU estima que 670 prisioneiros foram assassinados pelo EI na ocasião.
Civis mortos
Um ataque do EI matou três civis, entre eles ao menos uma criança, na vila de Khidir Jija, no Iraque, nesta quinta-feira (2). O alvo dos extremistas eram os Peshmerga, soldados das forças armadas do Curdistão iraquiano, e e sete dos militares foram mortos na ação.
Em resposta ao ataque, os Peshmerga empreenderam uma operação contra os jihadistas e conseguiram neutralizar sete combatentes. Uma bomba que os próprios extremistas armaram foi detonada durante a troca de tiros com os soldados. Os civis mortos eram moradores da vila com idades entre 11 e 24 anos.
Por que isso importa?
Nos últimos anos, o EI se enfraqueceu financeira e militarmente. Em 2017, o exército iraquiano anunciou ter derrotado a organização no país, com a retomada de todos os territórios que ela dominava desde 2014. O grupo, que chegou a controlar um terço do Iraque, hoje mantém apenas células adormecidas que lançam ataques esporádicos, quase sempre focados em agentes do governo e raramente contra civis. Já as Forças Democráticas Sírias (FDS), apoiadas pelos EUA, anunciaram em 2019 o fim do “califado” criado pela organização extremista no país.
De acordo com um relatório do Conselho de Segurança da ONU, publicado em julho deste ano, a prioridade do EI atualmente é “o reagrupamento e a tentativa de ressurgir” em seus dois principais domínios, Iraque e Síria, onde ainda mantem cerca de 10 mil combatentes ativos. O documento sugere, ainda, que o grupo teve considerável perda financeira recentemente, devido a dois fatores: as operações antiterrorismo no mundo e a má gestão de fundos por parte de seus líderes.
Paralelamente à derrocada do EI, a pandemia de Covid-19 reduziu o número de ataques terroristas em regiões sem conflito, devido a fatores como a redução do número de pessoas em áreas públicas. Entretanto, grupos jihadistas têm se fortalecido em zonas de conflito, e isso pode causar um impacto na segurança global conforme as regras de restrição à circulação são afrouxadas.
Esse cenário permitiu ao EI, particularmente, ganhar uma sobrevida, fazendo uso sobretudo do poder da internet. À medida em que as restrições relacionadas à pandemia diminuem gradualmente, há uma elevada ameaça de curto prazo de ataques inspirados no grupo fora das zonas de conflito. São ações empreendidas por atores solitários ou pequenos grupos que foram radicalizados e incitados através da internet.
Atualmente, o principal reduto do EI é o continente africano, onde consegue se manter relevante graças ao recrutamento online e à ação de grupos afiliados regionais. A expansão do grupo em muitas regiões da África desde o início de 2021 é alarmante e pode marcar a retomada de força da organização.
No Brasil
Casos mostram que o Brasil é um “porto seguro” para extremistas. Em dezembro de 2013, um levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino.
Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos.
Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram. Saiba mais.
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