Depois de Estados Unidos e Austrália, que puxaram a fila, Reino Unido e Canadá também anunciaram um boicote diplomático aos Jogos de Inverno Beijing 2022, que acontecem na China entre os dias 4 e 20 de fevereiro do próximo ano. Os países usam os abusos dos direitos humanos por parte do governo chinês para justificar a decisão, segundo a rede britânica BBC.
O boicote diplomático significa que os governos não enviarão representantes ao evento, como é praxe em Jogos Olímpicos e outras grandes competições esportivas, como a Copa do Mundo de futebol. No início deste ano, por exemplo, a primeira-dama Jill Biden chefiou a delegação dos EUA nos Jogos Olímpicos de Tóquio. Entretanto, os atletas desses países não fazem parte do boicote diplomático e competirão normalmente.
O premiê britânico Boris Johnson anunciou o boicote na quarta-feira (8), pouco antes do anúncio do líder canadense Justin Trudeau, segundo o qual a decisão “não é nenhuma surpresa para a China”. Trudeau se justificou: “Nos últimos anos, temos sido muito claros sobre nossas profundas preocupações em relação às violações dos direitos humanos“.
Um dia antes de confirmar o boicote, Ottawa havia anunciado que seu embaixador na China, Dominic Barton, deixará o cargo no fim do ano. A saída ocorre semanas após a resolução de desavenças diplomáticas entre as duas nações em consequência dos casos de Michael Spavor e Michael Kovrig, cidadãos canadenses detidos por quase três anos na China logo após a prisão de Meng Wanzhou, executiva da Huawei acusada pelos EUA de espionagem industrial.
O britânico Thomas Bach, presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), minimizou a decisão e disse que o mais importante é a presença dos atletas. “A presença de funcionários do governo é uma decisão política de cada governo, então o princípio da neutralidade do COI se aplica”, disse ele.
EUA puxaram a fila
O primeiro país a anunciar o boicote foi os Estados Unidos, decisão que se escorou sobretudo nas acusações de genocídio que pesam contra Beijing na região de Xinjiang, devido ao tratamento dispensado pelo país à minoria étnica dos uigures.
Na segunda-feira (6), a secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, disse que os EUA não contribuiriam para a “fanfarra” dos Jogos Beijing 2022 e que a ausência de uma delegação diplomática norte-americana “poderia enviar uma mensagem clara”. Os competidores, porém, ficaram fora do boicote e têm a promessa de apoio total do governo, sob o argumento de que seria incorreto “penalizar os atletas que treinaram para este momento”.
A Austrália foi o primeiro país a seguir o passo de Washington, anunciando o boicote também na quarta-feira (8). O primeiro-ministro Scott Morrison usou o mesmo argumento dos abusos dos direitos humanos, mas citou ainda as recentes sanções impostas por Beijing a Camberra.
A disputa comercial entre China e Austrália começou com o veto australiano à chinesa Huawei na rede 5G do país, e a relação diplomática entre os países esfriou de vez com a pressão australiana por uma investigação independente quanto à origem da Covid-19 em Wuhan.
A retaliação de Beijing veio através de pesadas tarifas sobre as exportações de cevada da Austrália, além da imposição de restrições severas às exportações de vinho, carne bovina e outras commodities. Militarmente, a China contestou a decisão australiana de comprar submarinos com propulsão nuclear, parte de um novo pacto de defesa com Reino Unido e Estados Unidos para controlar a rede de influência chinesa no Pacífico.
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