Os Estados Unidos afirmam novamente ter evidências de que a Rússia planeja atacar a Ucrânia em “grande escala”. A declaração foi dada pelo secretário de Estado Antony Blinken, que participou nesta quarta-feira (1) de reuniões na Letônia com ministros das Relações Exteriores da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), para discutir a tensão causada por Moscou. As informações são do jornal britânico The Guardian.
Segundo a autoridade, não está claro se Vladimir Putin já se decidiu ou não pela invasão ao território ucraniano, mas observou que “ele está colocando em prática a capacidade de fazê-lo rapidamente, caso decida”.
Blinken também disse que, caso isso aconteça, os membros da Aliança Atlântica estão “preparados para impor custos severos”, e que iriam “reforçar suas defesas no flanco oriental”.“Apesar da incerteza sobre a intenção e o tempo, devemos nos preparar para todas as contingências enquanto trabalhamos para garantir que a Rússia reverta o curso”, ponderou.
Blinken reforçou o discurso de que Washington está comprometido com a soberania da ex-república soviética. “Caso a Rússia siga o caminho do confronto, quando se trata da Ucrânia, deixamos claro que responderemos com determinação, inclusive com uma série de medidas econômicas de alto impacto que evitamos adotar no passado”, disse Blinken.
Embora a autoridade norte-americana não tenha deixado claro quais seriam as penalidades aplicadas, a maioria dos observadores internacionais acredita que a iniciativa do gasoduto Nord Stream 2, projetado para fornecer gás russo diretamente para a Alemanha através do Mar Báltico, contornando a Ucrânia e a Polônia, pode ser abortada no caso de uma nova incursão russa. O novo governo de coalizão alemão se mostra cético quanto ao esquema.
A fala de Blinken surge um dia antes de ele ficar frente a frente com o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, encontro que ocorre nesta quinta-feira (2) em um cúpula da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa, na Suécia. Tudo dentro de uma atmosfera de negociações da Otan lideradas por Washington para deliberar sobre as questões da Ucrânia.
Nova cúpula Biden-Putin
Outra cúpula importante que deve ocorrer em breve – embora ainda sem data marcada – é um novo encontro de Putin com Joe Biden, disse o Kremlin. A Casa Branca já teria se manifestado disposta ao diálogo. Na quarta (1), o líder russo sugeriu novas negociações para garantir que a Otan não adicione novos Estados-Membro ao bloco.
“Em diálogo com os Estados Unidos e seus aliados, insistiremos no desenvolvimento de acordos concretos que excluam quaisquer novos avanços da Otan para o leste e a implantação de sistemas de armas que nos ameacem nas proximidades do território russo”, disse ele durante uma cerimônia oficial. “Propomos iniciar negociações substantivas sobre este assunto”.
A Ucrânia não é membro da Otan, mas vem se aproximando do Ocidente desde 2014 e tem aspirações de fazer parte da organização militar intergovernamental e da União Europeia (UE).
Ataques disfarçados de exercícios
O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, negou nesta quarta-feira (1) as acusações de que Aliança Atlântica estaria
provocando Moscou com seus exercícios militares no Mar Negro – a Rússia fez a mesma queixa sobre a presença de navios de guerra dos EUA perto de seu território. Além disso, culpou o Kremlin por ter usado movimentações de tropas na região de uma forma que classificou como “disfarce” para atacar países vizinhos, relatou a agência Reuters.“O problema com a Rússia é que eles não são transparentes, têm uma retórica muito agressiva e um histórico de que já usaram exercícios militares antes como disfarce para ações agressivas contra vizinhos”, disse ele.
Por que isso importa?
A tensão entre Ucrânia e Rússia explodiu com a anexação da Crimeia por Moscou. Tudo começou no final de 2013, quando o então presidente da Ucrânia, o pró-Kremlin Viktor Yanukovych, se recusou a assinar um acordo que estreitaria as relações do país com a União Europeia (UE). A decisão levou a protestos em massa que culminaram com a fuga de Yanukovych para Moscou em fevereiro de 2014.
Após a fuga do presidente, grupos pró-Moscou aproveitaram o vazio no governo nacional para assumir o comando da península e declarar sua independência. Então, em março de 2014, as autoridades locais realizaram um referendo sobre a “reunificação” da Crimeia com a Rússia. A aprovação foi superior a 90%.
Após o referendo, considerado ilegal pela ONU (Organização das Nações Unidas), a Crimeia passou a se considerar território da Rússia. Entre outros, adotou o rublo russo como moeda e mudou o código dos telefones para o da Rússia.
O governo russo também apoia os separatistas ucranianos que enfrentam as forças de Kiev na região leste da Ucrânia desde abril de 2014. O conflito armado, que já matou mais de dez mil pessoas, opõe as forças separatistas das autodeclaradas Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, com suporte militar russo, ao governo ucraniano.
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