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sexta-feira, 10 de julho de 2020

Ativista da Tanzânia acusa Alemanha de racismo por tratar com diferença vítimas da colonização alemã e do holocausto judeu

Mnyaka Sururu Mboro, ativista Tanzaniano, acusou a Alemanha de racismo por não levar a sério as vítimas do colonialismo alemão como levam a sério os judeus, vítimas do holocausto; ele afirma que o que aconteceu na Tanzânia foi a mesma coisa que o holocausto judeu.

       Mnyaka Sururu Mboro , ativista da Tanzânia / foto reprodução


O ativista tanzaniano Mnyaka Sururu Mboro acusou a Alemanha de não levar a sério os países africanos que foram ocupados pelos alemães no século XIX. Em entrevista à DW, o fundador da Associação Pós-Colonial de Berlim diz que a Alemanha deveria pedir desculpa aos descendentes das vítimas das hostilidades que cometeu na África, durante a ocupação colonial.

A Tanzânia foi uma colónia alemã entre a década de 1880 até 1919, tornando-se parte do império britânico até 1961, ano da sua independência. Na terça-feira (07.07), Sururu Mboro sentou-se diante das câmaras televisivas do canal alemão para recordar a estratégia chamada "terra queimada" que fustigou a vida dos tanzanianos.

"Incendiavam-se por todo o lado: casas, campos e florestas. E quando as pessoas corriam, eram abatidas. E também o que faziam era fechar todos os poços e riachos com betão, para que as pessoas não conseguissem sequer água para beber. Até punham veneno na água. Sabe-se que nessa altura a maioria das pessoas morreu – fala-se em mais de 300.000 pessoas, mas pode ser até mais de meio milhão", conta.

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Mboro lembra ainda outros episódios sofridos pelo povo tanzaniano durante a "Maji Maji", a grande guerra colonial que juntou vinte comunidades do sul da Tanzânia contra os alemães, "fartas" do colonialismo. "Evadiram aqueles que foram capturados nesta guerra. Os chefes, ou os chamados líderes, foram levados para uma espécie de prisão em frente de uma igreja. E foram enforcados."

Mboro diz que a cada domingo chegavam a ser enforcadas cerca de 15 a 20 pessoas: "E antes de serem enforcados tinham de entrar primeiro na igreja e confessar que o que fizeram aos alemães [a rebelião] estava totalmente errado.”

O ativista disse que os atores desses crimes ainda hoje são tidos como heróis na Alemanha: "Vê-se que eles ainda estão presentes na sociedade alemã. Há aqui seis ruas que estão a glorificar aqueles criminosos coloniais e temos vindo a exigir-lhes para que parem com isso."

Mboro analisou a posição da Alemanha e afirmou:

"Vê-se que até agora os alemães não levam nada disto a sério. Ao menos um pedido de desculpas aos descendentes. Mas acho que não nos levam a sério por causa da nossa cor da pele, por sermos negros. Não nos levam tão a sério como aos judeus. Porque o que nos aconteceu [na Tanzânia] foi a mesma coisa [que aconteceu no Holocausto]", diz.


Comerciantes de escravos como heróis

Uma das estátuas que gera debates é a de Friedrich Wilhelm, localizado à porta do palácio barroco de Charlottenburg, em Berlin. Ela imortaliza o duque no topo de um cavalo, triunfante, com quatro figuras acorrentadas a olhar para ele.
O forte que o monarca construiu onde é hoje o Gana tornou-se uma rede para o comércio transatlântico de escravos.



Mnyaka Mboro diz compreender a dor e a raiva que levaram alguns manifestantes nas últimas semanas destruir monumentos escravocratas nas suas cidades, na Europa e na América. Mas conclui que "destruir estas estátuas não vai funcionar" porque "toda a história não está lá. Tem de haver um contexto".

Vários outros monumentos de escravocratas e líderes coloniais permanecem no seu local original em toda a Alemanha. O ativista da Associação Pós-Colonial de Berlim prefere que levem esses monumentos para exposições como "Revelado: Berlim e os seus monumentos", aberta aos visitantes desde 2016 na capital alemã.

Purgatório de estátuas

Pouco depois do fim da II Guerra Mundial, os Aliados que ocupavam Berlim ordenaram a remoção de monumentos de carácter nacional e militar da Alemanha.

Muitos deles estão agora expostos na Cidadela, uma fortaleza do século XVI no distrito ocidental de Spandau, em Berlim, que foi utilizada pelo exército alemão durante a II Guerra Mundial para testar armas químicas.

Agora a Cidadela é um local histórico e um museu, onde os monumentos residem numa espécie de purgatório de estátuas - nem destruídos nem venerados. Em vez disso, constam da exposição "Revelado: Berlim e os seus monumentos".

"É uma oportunidade para não esquecermos esta história, de não a deixarmos desaparecer", diz Urte Evert, que tem sido a diretora do museu desde 2017. "Em vez disso, podemos mostrar que há raiva, tristeza, até mesmo violência. E espero que possamos fazer algo com isso, tornando estas obras acessíveis como são".

Evert acrescenta ainda que "cada monumento precisa de ser constantemente discutido de novo” e que não existe uma forma estanque de olhar para eles.

Com informações DW




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